Uma nova análise do Boston Consulting Group (BCG) mostra que, à medida que avançamos na transição para uma economia mais verde e sustentável, tornam-se cada vez mais necessárias ações socioeconômicas que possam garantir a equidade de acesso e oportunidades para todos. Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho, até 2030, a transformação climática resultará na criação de cerca de 103 milhões de novos empregos, mas também na demissão de 78 milhões de trabalhadores.
Em parceria com o Fórum Econômico Mundial (WEF), o BCG desenvolveu uma estratégia para identificar e pontuar os custos e benefícios desse cenário para trabalhadores, consumidores e empreendedores. “São muitos os fatores que indicam uma transição socioeconômica justa e equitativa, mas não há uma definição ou compreensão geral de como alcançá-la na prática. Nosso objetivo é contribuir com um caminho para a equidade que garanta o acesso de todos aos benefícios de uma economia de baixo carbono, considerando também o impacto de custos para o público em geral”, afirma Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.
Empregos verdes
A consultoria indica que diversas dimensões da transição climática podem alavancar a desigualdade, como a redução no uso de combustíveis fósseis, maior geração e consumo de energia proveniente de fontes renováveis, maior adoção de práticas de economia circular, além de transições profissionais e de empregabilidade. “Comunidades e funções dependentes da explorações de recursos fósseis serão afetadas na transição para mercado de trabalho gerando empregos ‘verdes’ e isso exigirá resiliência econômica e requalificação profissional “, diz Ramos.
Por outro lado, o cenário também apresenta oportunidades. O BCG sinaliza que o setor de energia renovável – atualmente em rápido crescimento – enfrenta uma lacuna de habilidades: cerca de 36% da força de trabalho desse mercado requer algum conhecimento especializado. Assim, abordar essa falta de mão de obra pode apoiar objetivos duplos de atender à demanda de profissionais e mitigar consequências socioeconômicas da redução no uso de combustíveis fósseis.
“Pelos seus recursos naturais abundantes, o Brasil já é protagonista na transição energética global. O nosso enorme potencial na produção de energéticos de baixo carbono, como biocombustíveis, hidrogênio verde, biogás e energia elétrica renovável, pode significar aumento na geração de empregos, investimentos em infraestrutura e atrair capital produtivo para a região”, explica Ramos.
O BCG reforça que, à medida que avançamos em direção a um futuro mais sustentável, é importante a busca de um equilíbrio delicado, considerando a descarbonização e as necessidades humanas. “Se colocarmos a equidade no cerne dos esforços climáticos, aceleraremos o progresso para o planeta e para pessoas. É benéfico para todos”, finaliza o executivo.
A análise completa do BCG está disponível, em inglês, no site da consultoria.
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