“O setor da moda e têxtil está alimentando o consumo excessivo em massa e a poluição de resíduos. E à medida que cresce rapidamente, seu impacto ambiental também aumentará, a menos que uma mudança em direção a circularidade, produção e consumo sustentáveis seja adotada por todos os atores”, diz Jacqueline Alvarez, chefe do Departamento de Produtos Químicos e Saúde do PNUMA.

Para tanto, iniciativas despontam a favor de tecidos mais ambientalmente amigáveis e a tecnologia é uma das aliadas.

Uso do grafeno

Uma das ideias é o uso do grafeno, que em virtude de suas propriedades elétricas, mecânicas e térmicas, pode ser capaz de armazenar carbono, e sendo aplicado em fibras e tecidos proporciona uma rápida troca de calor, ideal para roupas esportivas que buscam conforto térmico e rápida evaporação do suor.

O Instituto SENAI de Inovação (ISI) em Biossintéticos e Fibras em parceria com o Instituto de Macromoléculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desenvolveu fibras têxteis condutoras de polipropileno (PP) com nanoplaquetas de grafeno (GnP). “Essa originalidade permite produzir fibras para uso em sensores, descarga eletrostática e blindagem de interferência eletromagnética, enquanto mantém as propriedades mecânicas de um fio têxtil, como alongamento, tenacidade e torção. Essas características são cruciais no processamento das fibras em estruturas têxteis de tecelagem e malharia”, conta Ricardo Cecci, especialista de Mercado da Plataforma de Fibras do SENAI CETIQT.

Desafios na produção de jeans

A produção de jeans é uma das mais desafiadoras quando o assunto é sustentabilidade: segundo levantamento do Instituto Akatu, para fabricação de apenas uma calça exige o consumo de 5.196 litros d’água, fora a contaminação do lençol freático no processo de lavagem, que faz o tecido bruto atingir tons mais claros, gerando um lodo tóxico.

Para sanar tal questão, a startup Germini, inserida no Polo Tec da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), estado que conta com o principal centro têxtil de jeans (Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, no Agreste pernambucano), desenvolveu um sistema que converte, em laboratório, os resíduos que saem das lavanderias em cápsulas biofortificantes que podem revestir diversos tipos de sementes.“Retiramos as impurezas maiores, e o lodo passa por uma síntese térmica,e obtemos nanopartículas de carbono, que são transformadasembiofortificante. No processo, deixamos com um material gelatinoso que envolve as sementes, aumentando a taxa de germinação”, comenta, à CBN Recife, Eneri Melo, técnica em química e engenheira da computaçãono Departamento de Química Fundamental da UFPE.

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

Foto: Freepik

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