COP29 - Tecnews https://tecnews.agenciafluence.com.br Indústria e Meio Ambiente em Pauta Wed, 18 Dec 2024 13:00:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.3 https://tecnews.agenciafluence.com.br/wp-content/uploads/2025/08/cropped-TECNEWS-750x123xc-1-32x32.png COP29 - Tecnews https://tecnews.agenciafluence.com.br 32 32 Eventos climáticos extremos em 2024 reforçam a urgência de ações ambientais mais ambiciosas em 2025 https://tecnews.agenciafluence.com.br/eventos-climaticos-extremos-em-2024-reforcam-a-urgencia-de-acoes-ambientais-mais-ambiciosas-em-2025/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=eventos-climaticos-extremos-em-2024-reforcam-a-urgencia-de-acoes-ambientais-mais-ambiciosas-em-2025 https://tecnews.agenciafluence.com.br/eventos-climaticos-extremos-em-2024-reforcam-a-urgencia-de-acoes-ambientais-mais-ambiciosas-em-2025/#respond Wed, 18 Dec 2024 13:00:15 +0000 https://fitecambiental.com.br/?p=2268 O ano de 2024 ficou marcado por uma série de eventos climáticos extremos no Brasil e no exterior. No contexto do ano mais quente já registrado no planeta e que deve, pela primeira vez, superar o limite histórico de 1,5ºC de aquecimento, o País enfrentou impactos severos: enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul, secas […]

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O ano de 2024 ficou marcado por uma série de eventos climáticos extremos no Brasil e no exterior. No contexto do ano mais quente já registrado no planeta e que deve, pela primeira vez, superar o limite histórico de 1,5ºC de aquecimento, o País enfrentou impactos severos: enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul, secas históricas nos rios do Pantanal e da Amazônia, além de incêndios recordes que atingiram diversos biomas, causando prejuízos sociais que afetaram diretamente a vida de milhões de brasileiros.

Por outro lado, o período trouxe conquistas significativas, como a redução do desmatamento na Amazônia em 30% e no Cerrado em 25%, reflexo de medidas ambientais que apresentaram resultados em curto prazo. Outro marco importante foi a aprovação, em novembro, do projeto de lei que regulamenta o mercado de carbono no Brasil, o primeiro passo para que o país cumpra suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), estabelecidas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) no âmbito do Acordo de Paris.

 

Combate aos eventos climáticos extremos

 

“A mudança climática é uma realidade que já impacta nosso presente. Os desastres registrados em 2024 são apenas o começo do que pode vir se não agirmos com urgência. Estamos progredindo em ações e políticas para conter o avanço desses problemas e a COP no Pará será uma oportunidade para o Brasil liderar as discussões globais para uma agenda voltada para a redução dos impactos ambientais”, analisa o economista Carlos Eduardo Young, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor titular e coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (GEMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Como anfitrião do principal evento mundial sobre meio ambiente, o Brasil assumirá a responsabilidade de fortalecer as discussões sobre financiamento climático para países emergentes e superar as limitações da última edição, realizada no Azerbaijão. “A COP30 está sendo chamada de a ‘COP da Liberdade’, por abrir espaço para manifestações populares e da sociedade civil, além de ser um marco histórico ao ocorrer no coração da Floresta Amazônica — um bioma necessário não apenas para o clima do Brasil, mas para o equilíbrio climático global. Além de avançar nas negociações sobre financiamento, o evento será fundamental para a validação dos critérios da meta global de adaptação”, destaca Juliana Baladelli Ribeiro, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário.

 

Confira fatos marcantes deste ano e as expectativas para 2025:

 

Enchentes no Rio Grande do Sul

Entre 26 de abril e 5 de maio, o Rio Grande do Sul enfrentou chuvas intensas, com precipitações acumuladas de até 800 milímetros, um volume até seis vezes superior à média histórica para o período. Esses temporais afetaram cerca de 2,4 milhões de pessoas, resultando em 183 mortes e dezenas de desaparecidos. De acordo com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e do Grupo Banco Mundial, estima-se que o impacto econômico foi de R$ 87 bilhões, o que corresponde a quase 2% do PIB do estado.

 

Recorde em incêndios

Nos dez primeiros meses de 2024, os focos de incêndio apresentaram aumento expressivo em relação ao mesmo período do ano anterior, com altas de 51% na Amazônia, quase 70% no Cerrado e 600% no Pantanal. De acordo com a WWF-Brasil, os incêndios na Amazônia bateram recorde em uma série histórica de 17 anos; o Cerrado teve o pior ano desde 2012; e cerca de 30% do Pantanal foi devastado. O Relatório Planeta Vivo apontou uma redução média de 73% nas populações de vida selvagem monitoradas em cinco décadas. Além disso, de acordo com o Laboratório de Monitoramento de Satélites do Rio de Janeiro (LASA), 99% dos incêndios no Brasil são causados por ação humana.

 

Secas nos rios

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a seca de 2024 foi a mais extensa já registrada no Brasil, resultando na drástica redução dos níveis dos rios navegáveis. O Solimões, um dos principais afluentes do Amazonas, atingiu seu nível mais baixo já registrado em Tabatinga (AM), na fronteira com a Colômbia. Em Tefé (AM), um de seus braços secou completamente, e o Lago Tefé, que no ano anterior perdeu mais de 200 botos-cor-de-rosa devido à seca, também secou, deixando esses animais ameaçados de extinção sem seu habitat natural.

 

Aquecimento do oceano e branqueamento dos corais

O oceano, responsável por regular o clima do planeta, atingiu temperatura recorde em 2024, sendo fevereiro, março e abril os meses com máximos de temperatura superficial do oceano, com registros de 21,17 graus, segundo o NOAA Optimum Interpolation SST (OISST). Esse aumento de temperatura desencadeou o maior evento de branqueamento de corais já registrado, afetando 77% dos recifes do mundo até outubro de 2024. O fenômeno ocorre quando os corais, expostos ao estresse térmico, expulsam as algas simbióticas que vivem em seus tecidos, deixando-os brancos, frágeis e vulneráveis a doenças.

“A temperatura do oceano está acima do esperado há 10 meses e, infelizmente, quase ninguém percebe a relevância disso. É como se o nosso corpo estivesse sistematicamente com febre, indicando que algo está muito errado, e continuássemos a viver da mesma forma, sem nos preocupar”, compara Ronaldo Christofoletti, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro do Grupo Assessor de Comunicação para a Década do Oceano da UNESCO.

 

Ondas de calor

Em 2024, o Brasil enfrentou ondas de calor constantes. Todos os meses registraram temperaturas acima da média histórica (1991-2020), segundo o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (LAPIS) e, até outubro, foram registrados nove episódios desse fenômeno climático extremo. Isso ocorre sobretudo nas “ilhas de calor”, espaços onde a combinação de superfícies impermeáveis, como concreto e asfalto, e a intensa atividade urbana geram acúmulo de calor, fazendo com que as temperaturas nas cidades sejam muito mais altas do que nas áreas rurais ao redor. Esse efeito é intensificado pela falta de vegetação e pela escassez de áreas verdes.

 

Desmatamento

A taxa de desmatamento na Amazônia caiu 30,6% entre agosto de 2023 e julho de 2024, totalizando 6.288 quilômetros quadrados de área desmatada, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Essa redução em relação ao período anterior, quando a área desmatada foi de 9.064 quilômetros quadrados, reflete uma diminuição significativa nas atividades ilegais na região. No Cerrado, a perda de vegetação também apresentou queda de 25%, atingindo 4.435 quilômetros quadrados. Esses resultados fazem parte do relatório anual do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que indica a menor taxa registrada na Amazônia desde 2017, sinalizando um avanço no combate à devastação ambiental.

 

COPs

A COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, em novembro, resultou em um acordo que estabelece um financiamento climático de US$ 300 bilhões por ano até 2035 para apoiar países em desenvolvimento na luta contra as mudanças climáticas. O texto final destacou a urgência de aumentar as ambições e as ações nesta “década crítica” e reconheceu que há um “fosso” entre os fluxos de financiamento climático e as necessidades. Já a COP16 ocorrida em outubro, em Cali, na Colômbia, terminou sem um acordo sobre como financiar as ações necessárias para deter a destruição da biodiversidade até 2030 e cumprir as metas estabelecidas dois anos antes pelo Marco Global da Biodiversidade.

“Devíamos ter avançado muito mais na COP29. O maior motivo de frustração foi o financiamento, já que o próprio Fórum Mundial estima que os custos relacionados às mudanças climáticas alcancem cerca de US$ 1,73 trilhão por ano. Esse valor abrange tanto os gastos com a transição energética e adaptação quanto os custos de reparação pelos diversos eventos climáticos adversos que afetam diferentes países. O montante aprovado ficou muito aquém do esperado, parecendo mais uma correção para ajustar inflação e juros. Além disso, não ficou claro quem irá arcar com essa conta, deixando várias questões sem respostas”, explica Juliana Baladelli Ribeiro, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário.

 

O QUE VEM POR AÍ…

 

Mercado de Carbono

A Câmara dos Deputados aprovou neste ano o projeto de lei que cria um mercado regulado de carbono no Brasil, estabelecendo limites para a emissão de gases de efeito estufa. Caso as empresas ultrapassem esses limites, deverão compensar as emissões adquirindo créditos de carbono. O objetivo é reduzir as emissões e contribuir para o enfrentamento das mudanças climáticas. Se sancionado, em 2025, deve ser discutida sua regulamentação, como definições técnicas e desenvolvimento de banco de dados. A implementação está prevista para ocorrer em três a cinco anos.

A regulamentação do mercado dá ainda mais destaque aos manguezais brasileiros, que têm potencial para gerar R$ 48 bilhões em créditos de carbono, considerando o valor praticado no mercado voluntário. O valor tem potencial para chegar a R$ 1,067 trilhão, impulsionando a transição para uma economia de baixo carbono. Os cálculos fazem parte do estudo inédito “Oceano sem Mistérios: Carbono azul dos manguezais”, lançado neste ano pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e pelo projeto Cazul.

“Estamos avançando, mas ainda com grande atraso. Limites de emissão estão em vigor na União Europeia há mais de 20 anos, assim como em outros países. O Brasil tem tentado se adaptar depois de uma longa resistência a essa ideia, uma vez que os emissores se opunham ao controle de emissões, argumentando que isso prejudicaria nossa competitividade. No entanto, essa resistência nos deixou para trás. Agora, estamos finalmente tentando recuperar o tempo perdido ao avançar na legislação, mas é importante ressaltar que os resultados concretos dessa mudança só serão vistos a partir do final desta década”, considera o economista Carlos Eduardo Young, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e professor titular e coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (GEMA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

 

COP30

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorrerá em Belém (PA), em novembro de 2025, promete atrair mais de 40 mil participantes, conforme estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Desse total, cerca de 7 mil pessoas fazem parte da chamada “família COP”, composta pelas equipes da ONU e pelas delegações dos países membros. Entre os principais temas da conferência estão a redução das emissões de gases de efeito estufa, a adaptação às mudanças climáticas, o financiamento climático para países em desenvolvimento, as tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono, além da preservação das florestas e da biodiversidade. Também será abordada a justiça climática, com ênfase nos impactos sociais das mudanças climáticas.

 

Adaptação às mudanças climáticas

Diante do crescente número de episódios de eventos climáticos extremos ocorridos recentemente, a adaptação às mudanças climáticas torna-se tema essencial nas discussões para preparar as cidades, a sociedade e os negócios para tais situações. As Soluções Baseadas na Natureza entram neste contexto como parte da estratégia de enfrentamento e mitigação dos impactos provocados por enchentes, longos períodos de estiagem, avanço do mar, ilhas de calor, entre outros. A natureza oferece inúmeros benefícios a partir da sua conservação e deve ser cada vez mais considerada em planejamentos de adaptação.

 

Conferência do Oceano

Em junho de 2025, será realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, com o objetivo de promover ações urgentes para a conservação do ambiente costeiro-marinho. O evento promoverá o diálogo entre governos, sociedade civil, setor privado e comunidades locais, buscando fomentar parcerias e discutir soluções concretas. Como resultado, busca-se aprovar o “Plano de Ação do Oceano de Nice”, com compromissos voluntários e diretrizes para ações futuras.

 

“Nossa sobrevivência depende da saúde do oceano. Ele sustenta a vida como a conhecemos, além de desempenhar funções essenciais na regulação do clima, fornecimento de alimentos e produção de oxigênio. Precisamos reverter as pressões que têm colocado em xeque a sobrevivência de ecossistemas e da vida marinha, como o aquecimento do mar, a poluição, a destruição de habitats e a pesca excessiva”, explica Janaína Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário.

 

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

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Especial COP29: entre impasses e incertezas, Brasil se dedica à promoção de ações em prol do desenvolvimento sustentável https://tecnews.agenciafluence.com.br/especial-cop29-entre-impasses-e-incertezas-brasil-se-dedica-a-promocao-de-acoes-em-prol-do-desenvolvimento-sustentavel/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=especial-cop29-entre-impasses-e-incertezas-brasil-se-dedica-a-promocao-de-acoes-em-prol-do-desenvolvimento-sustentavel https://tecnews.agenciafluence.com.br/especial-cop29-entre-impasses-e-incertezas-brasil-se-dedica-a-promocao-de-acoes-em-prol-do-desenvolvimento-sustentavel/#respond Tue, 26 Nov 2024 18:00:52 +0000 https://fitecambiental.com.br/?p=2161 Autoridades de todo o mundo se reuniram em novembro na cidade de Baku, no Azerbaijão, para a 29ª Conferência das Partes (COP29), com o foco em discutir novas alternativas e soluções para frear o aumento da temperatura global. Na madrugada de 23 de novembro foi aprovada a nova meta de financiamento climático a ser paga […]

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Autoridades de todo o mundo se reuniram em novembro na cidade de Baku, no Azerbaijão, para a 29ª Conferência das Partes (COP29), com o foco em discutir novas alternativas e soluções para frear o aumento da temperatura global.

Na madrugada de 23 de novembro foi aprovada a nova meta de financiamento climático a ser paga pelos países ricos aos em desenvolvimento até 2035, fechado US$ 300 bilhões. Muito embora pesquisas apontem a necessidade de US$ 1,3 trilhão, esse número gerou uma série de protestos e descontentamento, em especial por parte de países mais vulneráveis, que chegaram a sair das mesas de negociação.

 

Resultados COP29

 

Para Tais Gadea Lara, jornalista climática da Argentina, ao Info Amazônia, essa Nova Meta Quantificada Coletiva (NCQG, na sigla em inglês), exige um salto em investimentos. “Com um detalhe: que os recursos sejam provenientes de todas as fontes, ou seja, não apenas de fundos públicos, mas também de investimentos privados, de fundos multilaterais e de países, independentemente de sua categoria”, frisou.

O certo é que o principal mote, o planeta, não está mais em compasso de espera. A urgência de mudanças retumba, e todos os atores precisam se movimentar no tempo presente para proporcionar um futuro mais sustentável.

Essa também será a pauta norteadora da COP30, prevista para novembro de 2025 em Belém, PA, conforme endossou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, em reportagem do Estadão: “É fundamental, sobretudo após a difícil experiência que estamos tendo aqui em Baku, chegar a um resultado minimamente aceitável para todos nós, diante da emergência que estamos vivendo. É fundamental que, antes de chegarmos à COP30, possamos fazer um alinhamento interno; dentro de nossos países e entre nós”, disse a ministra.

A seguir, algumas iniciativas a favor desse movimento, insights adquiridos na COP29 pela cadeia produtiva e o que já é assunto no Brasil:

 

Articulações

 

Durante uma reunião organizada por organizações da sociedade civil na COP29, o movimento pela justiça climática comprometeu-se a manter os esforços para fazer avançar a ação sobre o clima.

Para 350.org, órgão popular global dedicado a acabar com a era dos combustíveis fósseis, a carência de um apoio financeiro das nações ricas continua a obstruir no progresso em adaptar e mitigar tais mudanças, especialmente em regiões mais afetadas pelos impactos climáticos.

“Os países ricos não honraram suas responsabilidades e demonstraram uma falta de disposição para enfrentar este momento. O acordo não conseguiu atingir a ambição necessária, mas a esperança está viva, pelo bem no movimento climático. Já olhamos para o futuro e nos preparando para criar um novo impulso, com uma onda de campanhas e mobilizações focadas em soluções reais para a crise climática”, apontou Namrata Chowdhary, chefe de Engajamento Público do 350.org.

Já para o WWF-Brasil,esse resultado corre o risco de atrasar a ação climática nesse período em que é nítida e crítica a sua aceleração. “Nesse cenário desafiador e de pouco consenso, o Brasil terá um papel determinante em 2025, pressionando por um financiamento climático novo, adicional após o resultado insatisfatório da COP 29. A criação de uma Rota Baku – Belém para preencher o hiato entre o montante estabelecido na COP 29 e o que é demandado pelas nações menos desenvolvidas deixa aberta uma porta à continuidade das negociações, porém pode sobrecarregar a próxima conferência, no Brasil, que já tem diante de si o desafio de elevar a ambição climática das partes”, informou a entidade.

 

COP29 e a Defesa da Amazônia

 

No painel “Protegendo as florestas tropicais através dos mercados de carbono”, entidades do Brasil, de Gana e do Nepal, bem como organizações internacionais, reforçaram o compromisso a valorização das florestas e seus povos, além de discutir o mercado de carbono.

André Guimarães, diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), ressaltou as demandas nos países participantes do debate, como o financiamento à ação climática. “Nós temos desafios que são comuns e é por isso que a formação desta mesa tenta conectar o Sul Global, trazendo experiências que a gente tem na Amazônia, África e Ásia. Quanto mais compartilharmos, mais rápido será o aprendizado e maior será a escala para a conservação de florestas”, disse.

Já Roselyn Fosuah Adjei, ponto focal de REDD+ na Comissão Florestal de Gana, compartilhou o trabalho do governo do país com as comunidades locais em projetos jurisdicionais. “Toda vez que temos um desafio, nos reunimos com essas comunidades locais. É a primeira vez que em Gana encontramos pessoas abrindo contas bancárias, recebendo pagamentos pelos resultados que são capazes de produzir, protegendo terras florestais e praticando agricultura sustentável”, arrematou.

 

Agronegócio

 

Liège Correia, diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil, endossou em sua fala durante um dos painéis que o setor privado tem avançado nos últimos anos ao perceber o enorme potencial do Brasil na recuperação de pastagens. Ela explicou que o país tem a capacidade de fazer na mesma área até três safras por ano.

Por exemplo, um mesmo produtor pode plantar o milho e a soja, depois plantar batata e capim, e o boi fazer o papel de colher o pasto plantado como agricultura. “Se levarmos em consideração as áreas degradadas que o país pode recuperar à produção de alimentos, o que também inclui grãos, o potencial do Brasil é gigantesco”, comentou.

No evento, o grupo anunciou a ampliação do programa Escritórios Verdes, criado em 2021 cujo foco é oferecer assistência técnica gratuita e serviços de extensão a fazendeiros que desejam melhorar o desempenho ambiental, com práticas sustentáveis e mais produtividade. “A companhia passa a testar o novo formato do programa em estados em que não atua, como o Maranhão, e também entre produtores de grãos”, enfatizou a especialista.

 

Indústria

 

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançou a nova versão da Plataforma Recircula Brasil 2.0 no evento da COP29. A anterior era pioneira no monitoramento do plástico e agora passa a acompanhar, em parceria com a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), a jornada do alumínio reciclado.

A plataforma se baseia na rastreabilidade de resíduos a partir de notas fiscais eletrônicas, registrando desde a origem até a reinserção da matéria-prima na fabricação de novos produtos. “Essa expansão reforça o compromisso com a economia circular e a circularidade de recursos em diferentes indústrias, alinhando-se às metas da política industrial brasileira. Também estamos conversando com outros setores produtivos para ampliar o escopo e apoiar o cumprimento de políticas públicas e compromissos ambientais”, reforçou Talita Daher, gerente da unidade de Nova Economia e Indústria Verde e responsável pelo Recircula Brasil.

A Recircula Brasil já verificou mais de 20 mil toneladas de resíduos plásticos rastreados na indústria nacional e foi reconhecida como modelo de excelência no combate à poluição plástica em documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (PNUMA/ONU).

 

Descarbonização

 

Durante o painel “Estratégias de descarbonização e apoio à missão 1,5° – papel estratégico do setor privado na transição energética para a descarbonização do Brasil”, no pavilhão do Consórcio da Amazônia na COP29, especialistas concordaram que é preciso uma união estratégica entre setores público e privado.

No contexto da COP29, Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente, foi enfática ao afirmar que o setor privado não pode ser apenas provedor de recursos e endossou o diálogo sobre o papel de cada um na descarbonização. “O empresário não vê ganho. Na Europa, 12% das empresas estão se distanciando dos compromissos climáticos”, afirmou a fellow sênior de Mudança do Clima e Uso do solo do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacional).

Para Anderson Baranov, CEO da mineradora Hydro, a companhia tem acelerado o processo de transição energética em toda a cadeia produtiva. “Nós descarbonizamos toda a matriz do óleo, combustível, até o final de 2024, as caldeiras elétricas. São 620 mil toneladas por ano de descarbonização. Redução da própria emissão? Sim, mas é um projeto muito importante”, disse.

 

Economia circular

 

Já no painel “Acelerando a economia circular e a descarbonização da indústria no Brasil”, organizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) em parceria com a ABDI, o foco foi o papel brasileiro em prol da economia circular.

Pedro Prata, oficial de Políticas Públicas na América Latina da Fundação MacArthur, entidade que marcou presença no evento, disse que o painel foi fundamental para destacar o país nesse tema. “O Brasil vê a circularidade como um modelo econômico alternativo, ao compreender que economia circular vai muito além da reciclagem ou da gestão de resíduos: trata-se de uma mudança sistêmica, que impacta como produtos são projetados e fabricados, reduzindo emissões em toda a cadeia. Ainda assim, agora é o momento de transformar essa política em ações concretas”, analisou.

Presente na COP 29, Marcelo Souza, presidente do Instituto Nacional de Economia Circular, enfatizou a importância de tecnologias inovadoras na reciclagem de materiais como polipropileno (PP), plástico metalizado (BOPP) e embalagens longa vida, que frequentemente acabam em aterros devido à baixa valorização no mercado de reciclagem.

“É de extrema importância discutir a implementação de políticas que incentivem a reciclagem desses materiais, fortaleçam a economia circular e integrem práticas sustentáveis nas cadeias produtivas”, informou Souza.

 

Índices e certificações

 

O Carbon Disclosure Project (CDP) e a Global Reporting Initiative (GRI), duas importantes consultorias fornecedoras de índices de sustentabilidade corporativa, assinaram na COP29 um Memorando de Entendimento em que ambas simplificarão a divulgação às empresas, para aumentar o acesso a dados comparáveis por meio de relatórios ambientais.

Com essa atualização, será possível um mapeamento para melhorar a interoperabilidade e uma avaliação do questionário do CDP e dos Padrões Temáticos GRI para mudanças climáticas, água e biodiversidade. “Acredito que essa colaboração levará à clareza sobre o alinhamento entre os Padrões GRI e o questionário do CDP, aumentando a facilidade de relatar de forma a fornecer dados relevantes e acionáveis”, comentou Cristina Gil White, CEO interina da GRI.

Em números, mais de 14 mil organizações globais utilizam os Padrões GRI e 24.800 empresas que representam mais de dois terços da capitalização de mercado global divulgam por meio do CDP. “Ao divulgar por meio do CDP, as empresas podem divulgar dados alinhados à GRI diretamente às partes interessadas e ao mercado global mais amplo”, arrematou Sherry Madera, CEO do CDP.

 

Ações no Brasil

 

No segmento farmacêutico, o Grupo Hypera Pharma passou a ter 100% de seu consumo de energia proveniente de fontes renováveis e em 2023, colocou em operação duas novas subestações de energia elétrica em Goiás, em sua subsidiária Brainfarma.

Já o Complexo Acrílico da BASF em Camaçari, BA, unidade que fabrica insumos para as áreas de adesivos, construção civil, higiene e produtos de pintura, é a primeira unidade de produção da empresa na América do Sul a obter o selo Ccycled®, atestando o uso de matérias-primas sustentáveis por meio da abordagem de balanço de massa, diminuindo a pegada de carbono de seus produtos.

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

Foto: CNIweb

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A 29ª conferência do clima das Nações Unidas (COP29) começou nesta segunda-feira (11) em Baku, capital do Azerbaijão. Segundo especialistas, a expectativa para este ano é de avanços nas negociações climáticas, com foco principal no mercado de carbono, o qual muitos países expressaram decepção com a falta de clareza nas regras de comercialização de créditos estabelecidas pelo Artigo 6 do Acordo de Paris.

“O mercado de carbono é um catalisador vital para iniciativas de mitigação climática e transição sustentável. Se as regras forem bem definidas, podem acelerar a transição energética e ajudar os países a cumprirem suas metas de descarbonização”, destaca Gustavo Loiola, especialista em ESG e Gerente de Projetos Educacionais no PRME, iniciativa do UN Global Compact. Segundo ele, o objetivo deste ano deve ser criar um sistema global robusto que incentive práticas sustentáveis e permita transações financeiras com créditos de carbono entre países.

 

Compromissos da COP29

 

O financiamento climático também é uma preocupação urgente. O compromisso de 100 bilhões de dólares anuais, estabelecido para ajudar países em desenvolvimento na transição verde, vem sendo apontado como insuficiente. Para a conferência de Baku, há expectativa de uma nova abordagem mais robusta. “No contexto latino-americano, mecanismos financeiros sólidos são vitais para implementação de soluções de longo prazo”, pondera o especialista.

Além disso, essa será a primeira conferência após a divulgação do Global Stocktake, que revelou um progresso insuficiente das nações para atingir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C. Isso coloca ainda mais pressão sobre os líderes para revisar suas NDCs com maior ambição. “A COP29 precisa ser um ponto de virada em termos de compromissos. Espera-se que os países aumentem suas metas e tomem ações concretas antes da COP30 no Brasil”, complementa Gustavo Loiola.

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