Chamados de Ecopontos, essas estações são responsáveis pela coleta e, dependendo de suas dimensões, podem fazer a triagem de resíduos, inclusive fazendo o encaminhamento correto de itens que poderiam parar em aterros sanitários. Na capital paulista, por exemplo, há mais de 120 unidades, que recebem entulho, móveis usados, restos de poda, recicláveis e materiais inservíveis.

Já em Franca, SP, os quatro geridos pelo município registraram o recolhimento de 2 mil toneladas de materiais inservíveis e resíduos de construção, apenas no primeiro semestre deste ano. “Os indicativos da maior demanda estão nas duas unidades da Cooperativa de Trabalhado dos Catadores de Materiais Recicláveis (Cooperfran), que recebe, recicla e comercializa o que é possível. A cada semana aumenta o número de pessoas se dirigindo para descartar os mais diferentes tipos”, informa a prefeitura.

Iniciativa em prol dos ecopontos

A prefeitura de Recife, PE, por meio da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), em parceria com o Grupo Orizon, a Wise Plásticos e a O-I Glass, inaugurou em julho um novo Ecoponto na cidade para ampliar a coleta seletiva e a inclusão nessa jornada sustentável.

Instalado na Ecoestação, no bairro de Campo Grande, o EcoPonto tem como diferencial a remuneração pela entrega dos materiais recicláveis feita via PIX, valorizando o trabalho dos catadores e catadoras do município. Trata-se de um container onde serão recebidos papelão, vidro, alumínio e plástico, que são encaminhados para aUnidade de Triagem Mecanizada (UTM) de Jaboatão dos Guararapes, tem capacidade para processar mais de 20 tipos de resíduos, com alto padrão de rastreabilidade, e já emprega diretamente 200 trabalhadores formais.

“É uma união de esforços da prefeitura e da UTM Jaboatão dos Guararapes para gerar oportunidades e valorizar quem trabalha na ponta da cadeia da reciclagem. Com o apoio da Emlurb e parceiros privados, estamos promovendo desenvolvimento com inclusão social e ambiental”, reforça Victor Marques, vice-prefeito e secretário de Infraestrutura.

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

Foto: Divulgação

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Porém o cenário não é dos melhores: segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), apenas 25% do vidro é reaproveitável no país. “Um dos maiores entraves é a questão econômica, os custos de frete. Então, quando você tem um custo de matéria-prima mais barata, mais acessível às indústrias, isso inviabiliza ou reduz o potencial de reciclagem dele”, explica Renato Sobrinho, gerente de Serviços Técnicos do Instituto Recicleiros, ao portal CNN.

Incentivo à reciclagem

Outro desafio está na conscientização do descarte correto por parte das pessoas e isso vai antes mesmo de deixar um pote, por exemplo, dentro do recipiente de uma coleta seletiva. Ana Luiza da Silva, mobilizadora do Recicleiros, na Cooperativa Recicla Guaxupé, MG, conta que ainda há dúvidas da população sobre o que pode ser reciclado e como separar. “Aqui no entorno da cooperativa orientamos bastante as pessoas, principalmente sobre a importância de identificar vidros quebrados para que ninguém se machuque”, comenta.

Bianca Ferro, especialista em Economia Circular da O-I Glass, fabricante de embalagens de vidro, explica que a companhia realiza diversas ações de conscientização juntos às comunidades, o que inclui um manual com recomendações para o descarte do vidro.

“Ao reintroduzir o vidro pós-consumo para a produção de novas garrafas e recipientes, há menor consumo de energia, redução da emissão dos gases de efeito estufa, diminuição do uso de recursos naturais, além de contribuição com a geração de emprego e renda na cadeia produtiva, como os catadores e as cooperativas”, finaliza a gestora.

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

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No Brasil, a pesquisa realizada pela Lloyd’s Register Foundation, em colaboração com o UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e a empresa Engineering X, indicou que 59% das residências separam os materiais antes de descartá-los, superando a média mundial. No entanto, o estudo apontou uma diferença geracional: 75% das pessoas acima de 65 anos realizam a coleta, enquanto apenas 41% dos jovens entre 15 e 29 anos adotam essa prática.

Esse cenário destaca a urgência de promover a educação ambiental e a necessidade de políticas que incentivem a participação cidadã na gestão de resíduos e práticas sustentáveis. Em 2022, o Brasil enviou cerca de 70 milhões de toneladas de produtos recicláveis para aterros e lixões, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), evidenciando a magnitude do problema.

“Criar um circuito de economia circular para os resíduos plásticos vai além da simples separação dos materiais. A economia circular reflete uma mudança de mentalidade, onde as pessoas, ao agirem de forma consciente, não apenas reduzem os impactos ambientais que é nosso principal objetivo, mas também fortalecem a economia e criam um ecossistema sustentável para todos.”, afirma Augusto Freitas, CEO da Cristalcopo e fundador do projeto Recicla Junto.

Foco nos resíduos

Projetos como o Recicla Junto são fundamentais para promover a conscientização e a economia circular. Desde 2019, o projeto reciclou 439 toneladas de resíduos, retirados do meio ambiente e transformados. Durante os jogos do Brasileirão no Estádio Heriberto Hülse, em Criciúma, o projeto reciclou aproximadamente 12.848 toneladas de plástico, papel e vidro, o que representa um aumento de 35% em relação ao ano anterior.

A iniciativa conta com a colaboração da ACAFOR (Associação de Catadores de Forquilhinha), que realiza a reciclagem e garante a economia circular, além de gerar uma fonte de renda para esses trabalhadores.

“O Recicla Junto busca transformar a realidade por meio do exemplo, mostrando que é possível reduzir os impactos ambientais por meio da economia circular. Nosso objetivo é promover a educação e a conscientização socioambiental, e o esporte tem se mostrado uma grande ferramenta para essa transformação”, destaca Augusto Freitas.

Investimento em infraestrutura

Para que esses projetos sejam sustentáveis, é essencial investir em infraestrutura. Muitas regiões do Brasil ainda enfrentam coleta irregular, o que contribui para práticas inadequadas, como a queima de lixo a céu aberto.

Em áreas rurais, 36% das famílias ainda os queimam, liberando poluentes e agravando o aquecimento global. A implementação de sistemas eficientes de coleta e a inclusão dos catadores no processo de gestão de resíduos são passos fundamentais para enfrentar esse desafio. É crucial que as cidades adotem a economia circular, considerando os  recursos a serem reintegrados ao ciclo produtivo.

O Japão é um exemplo global de eficiência, com um sistema avançado baseado em normas rígidas de  reúso. A conscientização ambiental é forte, e os cidadãos são responsáveis por separar os resíduos em categorias como recicláveis, orgânicos e não recicláveis. Em algumas regiões, o descumprimento das regras pode resultar em multas.

Enquanto isso, o Brasil ainda enfrenta desafios em infraestrutura e conscientização pública. A reciclagem deve ser vista não como a única solução, mas como parte de uma estratégia mais ampla e eficiente de gestão de resíduos, que envolva desde o consumidor até as políticas públicas.

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O primeiro passo é separar o lixo em categorias: papel, plástico, vidro, metal e orgânico. Caso tenha dificuldade ou precise economizar tempo, a separação pode ser a partir de outros três grupos: recicláveis, não recicláveis e orgânicos. É possível utilizar sacos para lixo recicláveis, com cores diferentes para cada material, como azul para papel, verde para vidro, amarelo para metais e vermelho para plásticos.

Coleta seletiva em casa

A iniciativa previne a contaminação do solo, da água e do ar por materiais que poderiam levar séculos para se decompor. Ela também ajuda a desacelerar o aquecimento global, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, é um passo fundamental para a economia circular, promovendo o reaproveitamento de materiais e a reintegração de resíduos ao ciclo produtivo, o que, por sua vez, diminui a necessidade de extração de recursos naturais.

Para Rafael Costa, CEO da Embalixo, a economia circular e a reciclagem são fundamentais para um futuro sustentável. “Sabemos que cerca de 20% das embalagens plásticas são descartadas de forma incorreta, o que representa um desafio significativo para o meio ambiente. Portanto, não adotar práticas que reduzem impactos ambientais nos distancia potencialmente de um futuro verde”.

Não só no nível individual, ações de reciclagem também podem ser propostas de empresas do setor privado. Na última semana, a Embalixo, líder nacional em sacos para lixo, uniu-se ao novo reality show da TV Globo, Estrela da Casa. A parceria busca estimular a coleta seletiva dentro do programa com produtos de qualidade e reforçar a conscientização ambiental entre os participantes.

A marca oferece soluções exclusivas, como modelos feitos com plantas e tecnologias que capturam a emissão de gás carbônico, antibacterianos, com repelente de insetos e materiais reciclados. Sua mais recente linha, Oceano, é produzida com plásticos retirados do mar, onde cerca de 8 a 12,7 milhões de toneladas de plástico são despejadas anualmente. A Embalixo está investindo R$ 50 milhões em economia circular, visando 70% de produção reciclada, enquanto mantém os avanços em Pesquisa & Desenvolvimento para novas linhas e projetos.

Foto: Reprodução

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O lançamento do “Recicla Benevides” teve como objetivo unir todos os segmentos da cidade em prol de um bem comum: a promoção da coleta seletiva, impulsionada pela gamificação e pela mobilização social.

Coleta seletiva

Para Sergio Talocchi, gerente de Cadeias Sustentáveis da Natura, o programa busca informar e engajar a população na realização da coleta seletiva de forma efetiva. “O conhecimento das pessoas sobre o projeto e como participar é fundamental para que se mobilizem e descartem os resíduos nos pontos de troca criados pela cidade. Benevides será uma espécie de cidade fornecedora da Natura, uma população inteira que se une para diminuir o impacto ambiental”, afirma.

“Estamos realizando um trabalho de capacitação da cooperativa do município para que possa receber de forma estruturada e profissional os resíduos do programa, assim como outros oriundos da cidade e do Ecoparque, complexo industrial da Natura, que estão sendo doados para a cooperativa”, explica Talocchi. O material coletado será reinserido na cadeia de abastecimento de embalagens da empresa de cosméticos, como uma extensão do projeto Rios Vivos, criado para estruturar cadeias de reciclados na Amazônia, especialmente em comunidades e municípios onde a companhia atua.

Ainda de acordo com Talocchi, o programa “Benevides Recicla” se conecta diretamente com o modelo de negócios da Natura, que busca promover soluções regenerativas, capazes de não só preservar o meio ambiente, mas de restaurar os impactos gerados pela ação humana. No centro da estratégia da empresa, o conceito de regeneração permeia toda a cadeia de valor da companhia e está refletida em seus produtos, como o novo Natura EKOS Concentrado de Castanha. Ao misturar o concentrado com a água, o produto se transforma em um poderoso concentrado em creme, além de um desodorante hidrante. A embalagem refilável é feita 100% com plástico retirado dos rios amazônicos, que contribui para a redução de resíduos e a estruturação de cadeias sustentáveis de plástico pós-consumo em comunidades ribeirinhas e cooperativas de reciclagem.

O evento contou também com a presença do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), representado pelo presidente do consórcio e prefeito de Salesópolis/SP, Vanderlon Gomes, quem apresentou as primeiras iniciativas da Metodologia “Recicla Cidade”, em 2021. O projeto-piloto foi premiado como melhor projeto no Prêmio Estratégias ODS Brasil 2022, Prêmio Sebrae Prefeito Empreendedor 2022 e o Prêmio do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo em boas práticas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), coleção de 17 metas globais, estabelecidas pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). A mesma metodologia é aplicada no programa “Benevides Recicla”, para promover iniciativas de reciclagem e sustentabilidade ambiental em sua região de atuação.

Moeda humanitária

Um dos aspectos mais inovadores do programa é a introdução da “moeda humanitária”, abordagem criativa que transforma a coleta de resíduos recicláveis em uma atividade recompensadora. A cada entrega de materiais descartados corretamente, os participantes acumulam moedas, que podem ser trocadas por uma variedade de produtos nas lojas Eco Troca, que abrangem desde itens de primeira necessidade até produtos culturais e esportivos.

“Por meio da ‘moeda humanitária’, os resíduos são ressignificados, tornando-se uma modalidade dos recursos econômicos do município. Essa prática não só incentiva a coleta seletiva e a redução do descarte inadequado, mas também contribui para a melhoria da saúde pública, segurança alimentar e geração de renda local”, explica Luziane Solon, Prefeita de Benevides.

“Além disso, a cada quilo de reciclável destinado corretamente, cinco empregos serão gerados indiretamente na cadeia da reciclagem, fortalecendo assim a economia local de Benevides e toda a região Norte do Brasil”, complementa Solon.

Sobre o programa “Benevides Recicla”

O “Benevides Recicla” é uma iniciativa oriunda do Programa Nacional Recicla Cidade, realizada pela ONG Espaço Urbano em mais de 30 cidades brasileiras. A iniciativa é uma parceria construída entre a Prefeitura Municipal de Benevides, a Natura, a cooperativa Reciclaben e a ONG Espaço Urbano. Seu propósito é sensibilizar e capacitar os atores sociais envolvidos na coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos, enquanto aumenta a quantidade e qualidade dos materiais corretamente destinados.

Além de aplicar ações de gamificação e mobilização social, o programa busca estabelecer uma cadeia ética e sustentável, alinhada aos princípios da Agenda 2030 da ONU.

Mais que um programa de coleta seletiva, “Recicla Benevides” é uma iniciativa transformadora que coloca a cidade no mapa como um exemplo de sustentabilidade e economia circular. Ao sensibilizar, capacitar e engajar toda a comunidade, o programa abre caminho para um futuro mais verde e próspero para todos.

Foto: Natura/Divulgação

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Os indicadores coletados, entre os meses de fevereiro e novembro de 2023, em sete municípios, sendo Guaxupé (MG), Serra Talhada (PE), Cajazeiras (PB), São José do Rio Pardo (SP), Naviraí (MS), Piracaia (SP) e Caldas Novas (GO), revelaram que é preciso mais informação para o comprometimento dos cidadãos com a reciclagem, já que os entrevistados demonstraram dúvidas sobre itens recicláveis e destacaram falta de tempo e de hábito para separar os resíduos.

Pesquisa sobre Reciclagem

A pesquisa englobou 3.200 pessoas em sete cidades, sendo três regiões e seis estados. Em cada região, de 390 a 400 pessoas responderam as questões. Vale ressaltar que em alguns desses municípios há o Programa Recicleiros Cidades, implantado pelo Instituto em parceria com as prefeituras.

Dentre as perguntas, a maioria dos entrevistados disse que reciclar é um ato de cuidado com o meio ambiente (1.486). Já sobre o estímulo à reciclagem, se faz necessário informar mais a população sobre a importância de tal ato (545). “Mesmo se a cidade pesquisada já se beneficia da coleta seletiva, os moradores levantaram a necessidade de distribuição de lixeiras e a instalação de pontos de entrega voluntária de recicláveis”, informa nota.

“A partir desse levantamento e o conhecimento dessas informações, nos auxilia a entender a curva de adesão da população aos sistemas de coleta seletiva para promover o aumento das taxas de reciclagem no Brasil“, arremata Erich Burger, diretor do Instituto Recicleiros.

Próximos passos

A pesquisa fez parte das ações do Vox Lab, laboratório de pesquisas e produção de conhecimento do Instituto Recicleiros para mudança de comportamento sobre a reciclagem, recorte voltado para aprendizados em mudança de comportamento para com a geração de conhecimento, com o intuito de avaliar a adesão da população à coleta seletiva, com patrocínio semente da SIG, empresa especializada em envase e embalagens cartonadas. “A mudança de comportamento é o primeiro passo e um dos mais importantes no fomento de uma cadeia ética de reciclagem no país. Sem isso, investimentos em infraestrutura e novas tecnologias de reciclagem não são suficientes”, frisa Isabela de Marchi, gerente de Sustentabilidade da SIG na América do Sul.

A partir dos resultados obtidos, o Vox Lab iniciou a aplicação de testes em microterritórios para entender como a população se comporta diante de ações de fomento à reciclagem. Em novembro de 2023, foram implantados em Serra Talhada (PE), Cajazeiras (PB) e Naviraí (MS), o Projeto Testes de Incentivo em Territórios de Observação (TITO). Foram instituídos seis microterritórios, cada um com uma amostragem de 50 residências por cidade, e os primeiros testes já estão sendo catalogados, informa o Instituto.

Foto: Keli Vasconcelos

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