A presença das mulheres em várias áreas e profissões relacionadas à sustentabilidade destacam-se pela dedicação e inovação por um mundo ainda mais justo e resiliente, com destaque para a pesquisa científica. Tanto é que a UNESCO, agência da Organização da Nações Unidas (ONU) para promoção da educação, da ciência e da cultura, destaca o 11 de fevereiro como Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência para lembrarmos da importância da participação feminina nesse quesito.
Um bom exemplo é o da IQX, empresa brasileira que oferece soluções inovadoras para a reciclagem e valorização de plástico. Fundada em 2011 pelas pós-doutoras em Química Carla Fonseca e Silmara Neves, o diferencial da empresa está na capacidade de melhorar a qualidade do material reciclado e inserir novas funcionalidades, como resistência mecânica, proteção bactericida e condutividade. Um de seus principais produtos, o IQX FLEX, a cada 20 kg do aditivo, por exemplo, é possível reciclar uma tonelada de embalagens multicamadas.
Mulheres em destaque
Entre 2024 e 2025, a adoção dos aditivos IQX por clientes produtores de embalagens evitou o descarte de cerca de 800 mil quilos de plástico.“Nosso compromisso é oferecer soluções inovadoras que tornem o plástico reciclado mais viável técnica e economicamente, alinhando a inovação industrial à agenda ESG. Isso significa não apenas reduzir impactos ambientais, mas também gerar oportunidades à indústria brasileira”, destaca uma das co-fundadoras, Silmara Neves.
Outro campo em que a pesquisa é fundamental na preservação abrange os oceanos. A oceanógrafa Isana Barreto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente (Pospetro) da mesma instituição, desenvolveu, junto com uma equipe orientada pela professora Olívia Maria Cordeiro de Oliveira, a OilSpillBR, uma plataforma digital integrada que disponibiliza informações de mais de quatro décadas (1980 a 2022) sobre acidentes de derramamentos de óleo na zona marinha e costeira do Brasil, além de conectar outros pesquisadores, promovendo a colaboração para soluções de enfrentamento a esses desastres ambientais.
“A ferramenta surgiu como resposta ao maior derramamento de petróleo da história do país, em 2019. Na época, percebemos a falta de dados consolidados e a necessidade de integrar pesquisadores e instituições para ações conjuntas. Ser mulher na ciência é um desafio constante, mas também uma grande motivação”, frisa a pesquisadora, em entrevista à Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), financiadora do projeto.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: divulgação – IQX
