Imagine uma profissão cujo escopo é enfrentar temperaturas extremas, riscos de atropelamentos, cortes e demais lesões, ainda carregando um peso imenso e recebendo por isso um preço que muitas vezes não dá para comprar um pacote de café? Pois essa é ainda a realidade de catadoras e catadores de material reciclado, responsáveis por quase 90% do lixo reciclado no Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
“O retrato social precisa de iniciativas mais humanas que busquem a inclusão social desses trabalhadores. Após um dia de coleta, uma carroça lotada de material reciclado, rende para o carroceiro em torno de R$ 15,00. Em épocas de grande oferta de material reciclado, por exemplo as festas, o comprador reduz o valor de compra do quilo e o catador não tem alternativas para impor seu preço”, destaca Paulo Sergio João, advogado e professor de Direito do Trabalho da PUC-SP.
Pensando nisso, em 2017, a ONG Pimp My Carroça lançou o Cataki, tecnologia social que promove conexões diretas entre o gerador de resíduos, o catador de materiais recicláveis e o restante da cadeia da reciclagem. Atualmente, quase 6 mil catadores estão ativos na plataforma e espalhados por mais de 1,9 mil cidades brasileiras.
Parceria em prol dos catadores
Com o propósito de aumentar a renda desses trabalhadores, o Cataki firmou parceria com a startup Green Mining, que também tem projetos de reciclagem inclusiva, para democratizar o acesso ao valor real de resíduos a qualquer pessoa, principalmente àqueles que dependem da venda dos recicláveis para o sustento, como catadores e carroceiros.
As pessoas cadastradas no APP localizam a Estação Preço de Fábricamais próxima para realizar a venda dos resíduos pelos mesmos valores pagos nas usinas de reciclagem, por meio da Green Mining. Atualmente, São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e Bahia contam com os pontos de entrega.Após o recebimento, fica a cargoda Green Mining transportar e destinar corretamente os resíduos. “A parceria com o Cataki possibilita a melhor remuneração que o catador pode ter porque ele recebe por prestar o serviço de coleta de quem gera e tem uma remuneração digna ao vender na Estação”, frisa Rodrigo Oliveira, CEO da startup.
Para Patricia Rosa, coordenadora do Cataki, além dos canais de comunicação, as catadoras e catadores podem encontrar os pontos da Estação Preço de Fábrica no próprio App. “Isso facilitaa possibilidade de venda de material por um preço melhor do que estão acostumados. Estamos unindo atores que têm como objetivo promover uma remuneração mais justa e aumento de renda”, conclui.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Fernanda Beatriz
