Quando ouvimos a palavra “sustentabilidade” no ramo de joias, logo pensamos nas biojoias, ou seja, a mescla entre elementos como sementes e folhas agregadas em peças de ouro, por exemplo. Contudo, isso vai além: é preciso levar em consideração as origens desses minérios, se são fruto de extração e garimpo legalizados, se as condições de trabalho de todos os atores também respeitam o bem-estar humano e ambiental, entre outras ações consonantes com os conceitos ESG.
E essa exigência é proeminente em um mercado interno está cada vez mais aquecido: estima-se que movimente US$ 3,5 bilhões e a expectativa é que esse número chegue a US$ 5,34 bilhões em 2029, figurando o país entre os 20 maiores exportadores de ouro do mundo, explica Plínio Pereira, gerente da área de Sistemas da auditoria TÜV Rheinland. “De acordo com dados do Instituto Escolhas, publicados em julho do ano passado, ao menos 50% do ouro comercializado no Brasil, entre 2015 e 2020, era ilegal. O garimpo ilegal também expandiu em cinco vezes a sua atuação em territórios indígenas. O tema, que inclusive está em debate na sociedade e Congresso hoje, fomentando a adoção de novas regras de rastreabilidade do metal”, arremata.
O uso de tecnologias como a blockchain para rastreabilidade, abastecimento ético e fornecimento responsável auxiliam nesse processo, continua o profissional. “Uma cadeia de abastecimento transparente atende às expectativas dos consumidores e traz benefícios à própria indústria. As empresas podem, inclusive, aproveitar a análise de dados para monitoramento, identificando áreas de melhoria e garantindo a conformidade. A abordagem proativa permite a otimização contínua e a responsabilização nas práticas éticas”, analisa Pereira.
Reciclagem de joias
A Pandora, conhecida globalmente como a maior marca de joias, anunciou recentemente que conseguiu atingir sua meta de seu fornecimento de metais preciosos utilizando apenas prata e ouro reciclados em todas as suas peças desenvolvidas.
Com a iniciativa, a empresa evita a emissão de 58 mil toneladas de CO2 por ano, ou o consumo anual de eletricidade de 11 mil residências ou 6 mil carros em todo o mundo. “Os metais preciosos podem ser reciclados para sempre sem qualquer perda de qualidade. A prata originalmente extraída há séculos atrás é tão boa quanto nova, e a melhoria da reciclagem pode reduzir significativamente a pegada climática da indústria joalheira”,explica Alexander Lacik, CEO da companhia, ao ESG News.
Em 2020, a Pandora definiu obter prata e ouro 100% reciclados até 2025, algo atingido antes do esperado, graças ao empenho e compromisso dos fornecedores, conclui o CEO.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: divulgação
