A Systemica, consultoria ambiental, divulgou seu relatório trimestral, com índices sobre o mercado voluntário de carbono. Um dos destaques foi que o quarto trimestre registrou aumento na emissão de novos créditos, impulsionado também pela adoção do novo sistema baseado em risco para verificações pela certificadora Verra, destacando o aumento das negociações.
A transição para iniciativas com maior integridade ganhou força, especialmente entre grandes big techs, como Microsoft e Google. “Apesar das controvérsias e mudanças institucionais, o organismo internacional Science-Based Targets initiative (SBTi), que ajuda empresas a estabelecer metas de redução de emissões, manteve sua relevância. A iniciativa fechou o ano com o aumento de 41% em relação a 2023. Essas companhias representam uma fatia importante das emissões globais, com compromissos que cobrem 23 GtCO2e e os preços dos créditos de restauração da natureza encerraram o ano a US$ 14,80/tCO₂e”, informa o comunicado.
Perspectivas de negociações
De acordo com a consultoria, a promulgação do PL do Carbono, no final de 2024, marcou o avanço do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), incremento importante antes da COP30 e que pode impulsionar as negociações.
Outro ponto que fez aumentar essa demanda em 2024 foi a negociação recorde de ativos sob as metodologias Credible Carbon Projects (CCP), aprovadas pelo Integrity Council for the Voluntary Carbon Market (ICVCM). A preferência crescente por padrões aprovados pelo CCP sugere aumento de demanda neste ano.“Uma vez que as questões conjunturais estão sendo tratadas e sinais de recuperação da demanda já podem ser observados, espera-se que 2025 seja um ano de consolidação e retomada do crescimento do mercado”, diz Munir Soares, CEO da Systemica.
Outros estudos
Esse mercado está também em ascensão entre os estados brasileiros. Segundo outro levantamento, feito em Mato Grosso, revelou que a combinação de diferentes instrumentos financeiros pode viabilizar a conservação e o restauro de áreas agrícolas no estado. O estudo foi realizado pela consultoria Proforest, em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e um dos instrumentos que podem ser potencializar a conservação é o REDD+ Jurisdicional, porém não se aplica diretamente a atividades de restauro e agricultura regenerativa.
“Uma única ferramenta não pode suprir todas as demandas. Sabemos que a conservação é relativamente barata e o crédito de carbono consegue cobrir esses custos. No entanto, quando falamos de restauro e agricultura regenerativa, o mercado de carbono sozinho não supre a demanda. O custo da implementação e o preço pago pelo carbono, muitas vezes, não se alinham. Por isso, defendemos o uso combinado de ferramentas para equilibrar esse déficit”, comenta Pauline Denis, gerente de projetos e coordenadora climática da Proforest, à Forbes.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Divulgação Systemica
