Água e efluentes

Eleições 2024 apresentam o desafio da segurança hídrica na agenda política brasileira

Eleições 2024 apresentam o desafio da segurança hídrica na agenda política brasileira - Fitec Tec News

O território brasileiro conta com 12% do volume de toda a água doce do planeta e 18,2 milhões de hectares de superfície com esse elemento tão importante, segundo dados do MapBiomas. O planeta neste ano de 2024 passa por eleições em vários países, inclusive no Brasil, e o meio ambiente, principalmente a segurança hídrica, precisa estar na agenda de candidatos e também nos governos, apontam especialistas.

Para José Galizia Tundisi, especialista em águas interiores, os corpos d’água no país são impactados pela poluição originada por diversas fontes, como poluentes derivados do esgoto doméstico, falta de tratamento, despejo de resíduos industriais ou de mineração, pelo desmatamento, que contribui para o aumento de aporte de sedimentos e substâncias tóxicas.

 

Desafios para as eleições 2024

 

Já na opinião de na Lucia Britto, Lívia Miranda e Juliano Ximenes, pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Observatório das Metrópoles, articuladora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que trabalha sobre os desafios metropolitanos colocados ao desenvolvimento nacional, existem ainda retrocessos ao acesso universal saneamento básico, coleta e tratamento de esgotos, bem como manejo inadequado de águas pluviais, com destaque para os volumes de chuva com enchentes e secas, são temas que devem ser enfrentados pelas candidaturas nas próximas eleições municipais.

Para os pesquisadores do Observatório das Metrópoles, as gestões municipais, atuais e que estão por vir, após as eleições de 2024, devem ter ciência da responsabilidade em relação à segurança hídrica, já que também são responsáveis pelo manejo dos resíduos urbanos, adequando-se à Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010). “As capacidades das prefeituras são desiguais, com poucos municípios conduzindo a política de saneamento. Optou-se pela prestação por empresas estaduais e, mais recentemente, por empresas privadas. O modelo financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cria a ilusão de investimento privado no setor. Quanto mais pobre o município, mais sedutor esse discurso parece. Assim, temos contratos que excluem áreas rurais, assentamentos informais, áreas que demandam mais investimento e onde o retorno financeiro às empresas privadas é baixo”, alertam.

“Na verdade, o que precisaria haver no Brasil é um controle mais efetivo e governança das bacias hidrográficas, ainda temos muitas discrepâncias”, arremata Tundisi, que é professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação de São Carlos, SP.

O professor ressalta ainda a importância de medidas de fiscalização. “Tenho insistido com a Agência Nacional das Águas (ANA) para que faça um megaprojeto de monitoramento (por meio de drones, por exemplo) com transmissão de dados em tempo real. Com isso, teríamos um enorme conjunto de informações sobre as áreas mais afetadas para atuar decisivamente”, conclui Tundisi.

 

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

Foto: Keli Vasconcelos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *