O 5 de junho marca o Dia Mundial do Meio Ambiente, cuja data remete à Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1972 na Suécia, cujo tema central foi o Ambiente Humano. Hoje, mesmo com os avanços que a humanidade se empenha, o cenário desse chamado “progresso” trouxe inúmeras consequências que estão levando a um estado de extremos ambientais, prejudicando, inclusive, a nossa própria morada, o planeta.
“Temos o maior ‘ar condicionado natural’ que é a Amazônia, porém estamos a tornando uma fonte de carbono, aumentando a sua temperatura e desequilibrando esse processo”. Essas palavras foram proferidas por Luciana Gatti, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), durante a 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em 2022.
Dia Mundial do Meio Ambiente
O momento pede urgência e as soluções para que os impactos ambientais em biomas como a Amazônia, citada pela pesquisadora, estão nas mãos de todos, o que inclui as dos setores do empresariado desse segmento tão rico que é o da Sustentabilidade.
Confira neste artigo algumas iniciativas em prol do meio ambiente.
Startups
A busca por soluções mais sustentáveis para os mais variados setores da economia está impulsionando o desenvolvimento das startups segmentadas ao meio ambiente. “A agenda de sustentabilidade deixou de ser opcional e passou a ser obrigatória em qualquer organização. Porém, muitas não possuem os recursos necessários para inovar na velocidade que o planeta pede, e mesmo aquelas que possuem, geralmente não contam com o conhecimento preciso para isso. É importante que elas se aliem às startups, que estão utilizando tecnologias avançadas para desenvolver soluções que ajudam a manter o planeta mais limpo e sustentável”, analisa Guilherme Massa, co-fundador da Liga Ventures, rede de inovação aberta da América Latina, que conecta startups e grandes empresas para geração de negócios.
Alinhada à essa rede está a Wylinka, organização sem fins lucrativos que há mais de uma década atua com o propósito transformar o conhecimento científico em inovações por meio de projetos de aceleração e gestão da inovação de base científica, apoiando, por exemplo, o desenvolvimento socioambiental na Amazônia. Em números, são mais de 9 mil pessoas capacitadas, 190 instituições apoiadas, 3.222 soluções de base tecnológica, mais de mil tecnologias mapeadas e 3.184 atores e parceiros do ecossistema mobilizados.
Mais um case é da Carbono 14, desenvolvedorade um produto para o controle do Coral-Sol, utilizando seu esqueleto calcário como matéria-prima na produção de sementeiras com o objetivo de cultivar corais nativos para restaurar recifes de coral e é acelerada pelo InovAtiva de Impacto Socioambiental.
Outras startups aceleradas pelo InovAtiva são a Green-C,que tem como missão expandir as oportunidades comerciais na Amazônia, envolvendo comunidades rurais e marcas locais e colaborando na restauração de ecossistemas, oferecendo conexões de mercado para clientes individuais, varejistas, distribuidores e atacadistas; a Infinito Mare, desenvolvedorada “Caravela”, Solução Baseada na Natureza (SbN), que utiliza algas nativas para monitorar e despoluir enquanto estimula a captação de carbonoda atmosfera; e oSistema de Informação do Modelo Florestal (SIMF), fundado no parque tecnológico do Porto Digital em Recife e que apresenta uma linha de produtos de apoio às atividades na área de gestão ambiental, coletando informações sobre zonas de preservação, como foco na Inteligência Artificial e no aprendizado de máquina (machine learning).
Inteligência Artificial
Por falar na Inteligência Artificial (IA), tendência tecnológica mais utilizada no mundo atual, estudo recente da PwC em parceria com a Microsoft mostrou que o mercado de aplicações ambientais com IA alcançará até US$ 5,2 trilhões, e tem a capacidade de salvar 32 milhões de hectares de florestas, auxiliando na redução de emissões de carbono em 2,4 milhões de toneladas.
“Estamos observando um apelo crescente por práticas mais verdes e soluções empresariais mais sustentáveis em todo o mundo, à medida que cada um de nós se torna mais consciente dos desafios que as mudanças climáticas trazem”, comenta Alex Ganshin, CEO da Meteum solução climática e de tempo com IA que fornece previsões hiperlocais e dados confiáveis para uso pessoal e profissional.
O gestor explica que a relevância da IA e do Aprendizado de máquina, técnicas utilizadas pela Meteum, faz com que a capacidade de análise seja meticulosa dos dados climáticos, prevendo padrões climáticos em rápida mudança, eventos extremos e mudanças climáticas de longo prazo. Com isso, as empresas, independentemente de seu porte, possamter as informações necessárias para otimizar o uso de recursos essenciais, bem como planejar rotas logísticas e reagir a eventos anteriormente imprevisíveis e ainda se planejar para a diminuição significativa na pegada de carbono associada às operações.
“A integração desta tecnologia não significa apenas melhoria operacional, mas também um compromisso tangível com a sustentabilidade ambiental, impulsionando uma mudança concreta em direção a práticas mais responsáveis e ecologicamente corretas”, frisa Ganshin.
Outro exemplo é a SAS, especialista em IA e analytics, quese uniu ao InternationalInstitute for Applied Systems Analysis (IIASA), em 2020, para recrutar voluntários online que ajudassem a identificar áreas de desmatamento no Brasil em mais de 90 mil imagens de satélite. Em dois anos, mais de 1 milhão de quilômetros quadrados da Amazônia foram classificados com sucesso, com participantes de mais de 130 países. O resultado foi um conjunto de modelos de IA treinados para monitorar novas áreas de forma autônoma e detectar o desmatamento com mais de 90% de precisão.
Humanidades
Um exemplo forte e recente das consequências da crise climática é sentido no Rio Grande do Sul, cujas cheias devastaram cidades inteiras. Na outra ponta, um contingente de mobilizações e busca por soluções demonstram que ainda é possível encontrar oportunidades para reverter tal quadro.
Uma delas é promoção de ações artísticas. A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), realizou no Dia Mundial do Meio Ambiente, um concerto com repertório que evocou a natureza e a consciência ambiental, apresentação na Sala São Paulo e transmitido ao vivo no YouTube da Orquestra. Toda a renda foi integralmente revertida para a para a Associação dos Funcionários da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (AFFOSPA), e teve obras de BedrichSmetana (O Moldávia, mesmo nome do rio que corta a terra natal do compositor), Heitor Villa-Lobos (o Prelúdio das Bachianas Brasileiras nº 4) e AntonínDvórak (a emocionante Sinfonia nº 9 – Do Novo Mundo) no programa e regência do maestro José Soares.
Outro meio que também pode ser ambientalmente respeitoso é o do trabalho e emprego. As formas de se manter mudaram fortemente, em especial no período de restrições impostas pela Covid-19. Uma delas foi a ascensão do modelo híbrido, ou seja, em que os funcionários dividem a jornada alternando idas ao escritório e ficando em casa.E para fomentar mais atitudes sustentáveis, as organizações articulam estratégias em reduzir o consumo de energia e diminuir sua pegada de carbono.
Segundo pesquisa recente do International Workplace Group(IWG), especialista global em espaços de trabalho flexíveis, juntamente com a Mortar Research com 511 líderes empresariais no Reino Unido, mostrou que as empresas que implementaram tal sistema conseguiram cortar o consumo de energia em até 20%, e quase 84% afirmaram também que o trabalho híbrido foi fundamental para a redução da pegada de carbono.
“O trabalho híbrido é uma das principais megatendências deste ano em 2024 e o formato traz benefícios significativos para o meio ambiente e também para os colaboradores. Para as empresas, além da economia nos custos de transporte dos funcionários, destaca-se também as medidas ESG, pela redução das emissões de poluentes resultantes do deslocamento da equipe”, destaca Tiago Alves, CEO do IWG no Brasil.
No mundo, mais de 80% da energia ainda é gerada a partir de combustíveis fósseis, tornando essas iniciativas de redução de energia e emissões de carbono ainda mais necessárias para o combate às mudanças climáticas, releva o estudo. “O trabalho híbrido surge como uma solução às empresas que buscam reduzir seu impacto ambiental e promover práticas mais flexíveis e eficientes”, conclui Alves.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Divulgação/GettyImages
