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COP30 aposta na tecnologia a favor da transformação sustentável

COP30 aposta na tecnologia a favor da transformação sustentável - Fitec Tec News

Podemos afirmar que as inovações tecnológicas são um caminho sem volta. Na outra ponta, os desafios para que suas aplicabilidades sejam mais sustentáveis estão na mesa de entidades, empresas, organizações e na agenda global, especialmente em ano de COP30, a ocorrer em novembro em Belém, PA. Nesse cenário, a transformação sustentável para combater as mudanças climáticas ganha aliados com a qualidade de dados e ferramentas digitais.

O embaixador André Aranha Corrêa do Lago, presidente designado da Conferência, publicou recentemente uma carta aberta, em que convoca os países a se juntarem ao mutirão comandado pelo Brasil, depositando a esperança na “integração entre transição digital e transformação climática, promovendo um movimento que utilize a tecnologia para acelerar mudanças”.

E o assunto é pertinente: segundo pesquisa da Amcham Brasil com a consultoria Humanizadas, e divulgada pela EXAME, 60% dos líderes empresariais apostam na Inteligência Artificial como vetor de transformação de negócios neste ano. Já no que se refere ao conceito ESG, aparecem como prioridade estratégica para 51% dos entrevistados.

Para Vinicius Gallafrio, CEO da MadeinWeb, empresa especializada em soluções digitais, além do eixo ambiental, a conferência reforça as ações do setor privado sobre esse tema. “Há uma oportunidade de o Brasil se posicionar como referência em inovação verde.As empresas que conseguirem alinhar tecnologia e impacto socioambiental devem ganhar vantagem competitiva global”, endossa o gestor.

 

Transformação com qualidade de dados

 

Mesmo com acesso hoje tão facilitado em dispositivos móveis, aplicativos, e variedades de sistemas para monitoramento das condições ambientais, sabemos que a emergência climática atinge profundamente as pessoas, por conta de inúmeros impactos, como enchentes, queimadas e outras demandas. Para João Santos, especialista de soluções do SiDi Instituto de Tecnologia, a tecnologia surge como uma ferramenta poderosa de transformação, desde que sejam respeitadas as etapas necessárias.

“É preciso conhecer a fundo as características de cada localidade e monitorar as mudanças ao longo do tempo, com séries históricas. O problema é que os dados se depreciam ao longo do tempo e, muitas empresas, embora coletem informações, não as segmentam adequadamente. Essa falta de qualidade nos dados representa um obstáculo significativo para o uso efetivo de soluções no combate às mudanças climáticas”, frisa o especialista.

Santos acrescenta que ferramentas como IA e sensoriamento das cidades, são cruciais. “O poder público tem suas limitações, mas com a colaboração de institutos de pesquisa e desenvolvimento e iniciativa privada, o caminho se torna promissor. Com o conhecimento adequado, as decisões são mais inteligentes e eficazes”, salienta.

 

AmazonFACE

 

Criado em 2015 e desenvolvido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em parceria com instituições brasileiras e do Reino Unido, o AmazonFACE é o considerado o principal projeto de cooperação científica entre os dois países na área climática.

A ministra da pasta, Luciana Santos, anunciou em abril que o projeto será inaugurado antes da COP30 e os testes de engenharia e científicos estão previstos para começar no segundo semestre de 2025. O programa é coordenado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), da Universidade Estadual de Campinas, SP, (Unicamp) e do Met Office (Instituto Meteorológico do Reino Unido).

Em seu escopo, utiliza a tecnologia FACE (Free-Air CO₂ Enrichment), que eleva a concentração de dióxido de carbono ao ar livre, em condições naturais. “Com isso, os cientistas conseguem observar, por exemplo, se as plantas crescem mais rapidamente, como muda a fotossíntese, a produção de frutos, flores e sementes, e como se comportam as interações entre as espécies”, informa comunicado do MCTI.

 

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

 

Foto: divulgação