Da compra pela internet até o abastecimento de um grande empreendimento, a logística é responsável por impulsionar muitos negócios pelo globo. Na outra ponta, tem como desafio cumprir as estratégias em ESG, com destaque para a compliance, tornando suas operações mais resilientes e sustentáveis.
Em números, o setor de transportes é responsável por 16% de todas as emissões de gases de efeito estufa no Brasil, sendo o segundo maior emissor nacional e, desde 2005, as emissões cresceram 53%, com aumento de 10% na intensidade, segundo o relatório Net Zero Readiness Report 2023 da KPMG.
Ao mesmo tempo, 82% dos operadores logísticos brasileiros já têm uma área dedicada ao ESG e 72% praticam ações de redução, reúso e reciclagem de resíduos, segundo o estudo “Perfil dos Operadores Logísticos”, publicada em 2022 e desenvolvida por meio de uma parceria entre o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) e a Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL).
Adaptações ao compliance
Adaptar-se a esses instrumentos é pertinente no setor e o departamento de compliance é fundamental nesse processo. Luisa Ponce, advogada do Zanetti e Paes de Barros Advogados, ao Migalhas, os mecanismos trazidos ao compliance pelo ESG são assegurados por esse time, pois verifica-se a conformidade nos regulamentos e políticas internas da empresa que os adota, tornando-se indispensável para a garantia da sustentabilidade.
“É por meio do compliance de governança corporativa que uma empresa consegue reduzir o risco de infrações regulatórias e garantir uma vantagem competitiva em um mercado cada vez mais consciente. O desenvolvimento de boas práticas, responsável por conscientizar colaboradores e representantes da empresa, é requisito indispensável para adoção de condutas mais sustentáveis”, afirma.
Governança
Para Gleison Loureiro, CEO do AmbLegis, software especializado em gestão de requisitos legais e compliance, com o avanço das exigências legais e de mercado, integrar práticas ESG à operação é um fator essencial para que essas transportadoras tenham diferencial de mercado e mantenham sua reputação organizacional, além de estarem em consonância ambiental.
“A implementação de políticas anticorrupção, canais de denúncia e auditoria digital contínua está no radar de órgãos reguladores e clientes. Com o Ciclo ESG da ANTT, por exemplo, o setor passa a ter diretrizes claras para integrar práticas de sustentabilidade aos contratos de concessão”, explica o gestor.
“A governança é o eixo que sustenta o ESG. E no transporte, com seus múltiplos fornecedores e pontos de contato, ter uma gestão documental sólida é o que garante proteção jurídica e reputacional”, finaliza.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
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