Não é mais possível pensar em ESG sem levar em consideração as armadilhas que podem desencadear o greenwashing, ou seja, a divulgação falsa sobre sustentabilidade. Esse cuidado está levando as corporações em alinhar suas operações para eliminar tal prática, porém é ainda um caminho a ser percorrido.
Segundo recente relatório intitulado “ESG DisclosureYearbook Brasil 2024”, produzido pela agência de classificação de riscos Bells &Bayes Rating Analytics®, revelou que 63% das empresas listadas no segmento Novo Mercado da B3publicaram relatórios de sustentabilidade em 2022, porém somente 29% tiveram os dados auditados ou validados externamente.
Atentos ao greenwashing
“Os investidores estão cada vez mais atentos às informações ESG na hora de alocar capital. A ausência de verificação externa pode levar a relatos imprecisos e greenwashing, especialmente com a obrigatoriedade de divulgação a partir de 2027”, afirmou Wesley Mendes, principal autor do anuário, à Carta Capital.
Para Ary Gatto, CEO na Runtalent, empresa especializada em soluções de alocação de profissionais deTI, mesmo com um cenário em evolução sobre o ESG, os desafios para o sucesso e a integração dessas iniciativas dentro das organizações ainda são imensos.
“Além dos obstáculos em relação a recursos, existe um ponto fundamental que, por vezes, tende a ser negligenciado: a conexão com a cultura. Isso significa que o tema precisa estar atrelado à gestão e, nesse sentido, o envolvimento ativo da alta liderança é fundamental. Para que as práticas de ESG sejam efetivamente incorporadas, é essencial integrá-las à cultura organizacional e não existe falar em cultura sem considerar absolutamente todos os níveis hierárquicos”, frisa o especialista.
Créditos de Carbono
Outro ponto a ser discutido é sobre os créditos de carbono. Cassio J Krupinsk, CEO da BlockBR, fintech especializada em tokenização, muitas companhias adquirem tais créditos apenas para cumprir regulamentos ambientais, porém isso é superficial, haja vista que as práticas envolvem vários processos e tomadas de atitude.
“Os desafios na criação e manutenção de projetos desses ativos digitais sobre o carbono requerem um conjunto de esforços jurídicos e tecnológicos. É necessário acompanhar o desenvolvimento ao longo do tempo, assegurando a contabilidade do ativo. Um ambiente regulado onde os registros possam ser garantidos e documentados é essencial e atokenização pode oferecer uma solução viável, criando um ambiente seguro e confiável para documentação e transações”, salienta o gestor.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
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