Resíduos

Pressão popular exige tratado global para combater poluição dos plásticos descartáveis

Pressão popular exige tratado global para combater poluição dos plásticos descartáveis - Fitec Tec News

Sabemos que já está insustentável o consumo indiscriminado de plásticos descartáveis e não é para menos: esse material representa mais de 70% da poluição dos oceanos e os consumidores estão conscientes da necessidade de mudanças.

É o que apresenta o mais recente levantamento feito pela consultoria Ipsos, encomendado pelo WWF e pela Plastic Free Foundation, com 24 mil pessoas de 32 países: 85% acreditam que um tratado global sobre poluição plástica deveria proibir os plásticos descartáveis.

No âmbito do Brasil 85% dos entrevistados também acreditam que é importante que as regras globais exijam que a produção mundial de plástico seja reduzida. Em relação ao uso de produtos com plásticos descartáveis desnecessários, 83% dos brasileiros defendem que sejam proibidos.

“Essa preocupação dos brasileiros pode ser explicada pela ineficiência de políticas isoladas e falta de atuação eficaz do setor produtivo. Embora tenhamos uma política nacional de resíduos sólidos, as diretrizes são vagas e algumas iniciativas legislativas são aplicadas apenas em nível subnacional, implicando num crescimento cada vez maior de poluição plástica”, explica Michel Santos, gerente de Políticas Públicas do WWF-Brasil.

Emergência local e global

Muito embora a pesquisa mostre o interesse dos brasileiros em banir o consumo excessivo de plástico, o país ainda consome mais de 10,3 milhões de toneladas, importa 12 mil toneladas e despeja até 3,4 milhões de toneladas de tais resíduos no mar anualmente.”A poluição plástica é um problema global que afeta negativamente todos. Elaborando regras, incentivos específicos e compartilhando tecnologias podemos diminuir esse grande impacto ambiental e estamos num momento urgente e oportuno, globalmente com as negociações por um tratado mundial e, nacionalmente, com iniciativas legislativas como o PL do Oceano sem Plástico, em tramitação no Senado”, frisa Santos.

Em se tratando de mundo, segundo o estudo, são mais de 430 milhões de toneladas de plástico virgem produzidos todos os anos (60% dos quais são de utilização única) e somente 9% desse material é reciclado. Os entrevistados apoiam proibições que incluam produtos químicos nocivos utilizados em plástico (90%) e produtos plásticos que não podem ser reciclados de forma fácil e segura (87%). O contraste desses números é que há ainda uma baixa ambição de um grupo de países produtores de petróleo, que permanecem empenhados em enfraquecer e mudar os objetivos do Quinta Sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-5).

Durante a sessão, ocorrida em Nairóbi, Quenia, em 2022, 175 países signatários se comprometeram a criar o primeiro tratado internacional e juridicamente vinculativo que visa acabar com a poluição plástica, porém em 2023, os países petroleiros paralisaram as negociações.”Estamos numa encruzilhada. As próximas negociações em Ottawa pretendem determinar se conseguiremos ou não o tratado até o final de 2024. Sabemos, que nada menos do que regras e obrigações globais irá travar o problema”, alerta Eirik Lindebjerg, líder Global de Plásticos da WWF Internacional.

Por Keli Vasconcelos – Jornalista

Foto: TroyMayne- WWF

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