A cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo de plástico é jogado no oceano. Dado é o da Organização das Nações Unidas (ONU), salientando que aproximadamente 7 bilhões das 9,2 bilhões de toneladas de plástico pararam em lixões e aterros sanitários, produzidas entre os anos de 1950 a 2017. São dados que alertam para os limites planetários que estamos vivendo.
Outro ponto desafiador é a gestão de consumo e como esses materiais são descartados no meio ambiente. Se do mesmo modo os diversos avanços que a humanidade sentiu tornaram o mundo praticamente sem fronteiras, o mesmo cabe para o tema sustentabilidade, para o bem e para o mal. Para se ter uma ideia, um mutirão recente promovido pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro em parceria com a ONG Somos Natureza, em Ilha Grande,no município de Angra dos Reis, RJ, recolheu 242 kg de materiais recicláveis que chegaram às praias da Ilha a partir de três continentes diferentes por meio de correntes marítimas.
China, Argentina e Etiópia foram as origens da maioria dos materiais, sendo garrafas pet de água e embalagens de chá. “É preciso um avanço dos atores internacionais nas políticas de controle e destinação correta de resíduos.Não temos controle sobre o que chega ao RJ vindo de outros países, mas atuamos diretamente na coleta e destinação desses resíduos que aparecem nas nossas unidades de conservação”, diz Bernardo Rossi, secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade.
Questão urgente contra os limites planetários
Para Edson Grandisoli, coordenador pedagógico do Movimento Circular, ecossistema que une educação e economia circular, os impactos negativos das atividades humanas nascem de escolhas históricas. “O consumo exagerado associado ao descarte inadequado de inúmeros tipos de plásticos, por exemplo, deixa suas marcas nos oceanos e dentro dos seres vivos na forma de microplásticos”, frisa.
“As escolhas podem ser resumidas pelo tripé ‘take-make-waste’ (pegar-fazer-descartar), base de nossa Economia Linear, que concretiza a visão recursista e utilitarista da Terra análoga a uma prateleira de um supermercado. A Economia Circular já tem ajudado a criar novos cenários mais sustentáveis e inclusivos ao redor do globo. Como ela já está presente na nossa vida e como podemos colaborar para construirmos de sociedades mais circulares?”, provoca Grandisoli.
Já na opinião de Kristo Lehtonen, diretor do Fundo de Inovação da Finlândia (Sitra), organização que realizou em maio o Fórum Mundial de Economia Circular 2025 (WCEF2025, na sigla em inglês,) junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e organizações do sistema (Sesi-SP, CNI e Senai Nacional), se faz necessária a multiplicação de políticas, investimentos e inovação na busca de crescimento econômico sustentável.
“A economia circular é hoje mais importante do que nunca no mundo, representando uma oportunidade para os negócios, as comunidades e o planeta”, conclui o gestor.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto:Ascom/Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade RJ
