A indústria têxtil tem vários desafios quando o assunto é a sustentabilidade, e um deles é o uso consciente de tecido na confecção de peças e do material em si e a promoção mais frequente da circularidade em seu processo fabril. Em números, em 2023, a produção média do segmento no Brasil foi de mais de 2 toneladas; já a de confecção foi de 8,07 bilhões de peças de vestuário, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
Para aliar a prática de doação e evitar o desperdício, iniciativas despontam: uma delas é a Teciteca & Teci, um empreendimento de impacto socioeconômico e ambiental, apoiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), em operação desde 2023. Criada pela comunicadora e designer Bárbara Manhães, a empresa promove a venda de tecidos de refugo.
Os rolos, retalhos e pedaços de tecidos são recolhidos ou recebidos como doação de indústrias diversas, de tecelagens a confecções, a oficinas de costura e designers, para posteriormente serem comercializados na loja virtual, que conta também com um acervo de tecidos. “Nosso foco é fazer com que esses materiais sejam acessíveis, especialmente a um público que necessite deles e os valorize. A ideia é fazer com que vão às pessoas que querem tornar suas produções mais sustentáveis, o que é um dos grandes desafios da indústria no Brasil”, comenta, à Agência FAPERJ, a empreendedora.
Circularidade e a renovação de uniformes
O caminho inverso também é feito, como a destinação correta de uniformes que são transformados em cobertores para doação, como o feito pela Uniformes do Bem, entidade que realiza a logística reversa e produção de novos produtos a partir de peças e tecidos. Essa ação traduz o conceito de circularidade na prática. “A sustentabilidade está nos detalhes: não há uso de água em nenhuma fase do processo de reaproveitamento dos uniformes, e até os aviamentos, como botões, zíperes e ilhós, são reciclados, reforçando o compromisso com a economia circular e o impacto positivo em toda a cadeia”, conta Thâmara de Lima, gestora da Uniformes do Bem.
Uma das apoiadoras é a REALGEMS, indústria que produz amenities e cosméticos para hotelaria, que ao renovar a identidade dos uniformes, realizou a doação dessas peças, que são desfibradas e transformadas emitens como cobertores, que são doados a instituições verificadas pela Uniformes do Bem.
A parceria proporcionou um engajamento interno na empresa, comenta Jorge Carvalho de Oliveira Jr, diretor presidente da Realgems: “A renovação dos nossos uniformes gerou impactos que vão além da sustentabilidade ambiental, aumentando em nossos colaboradores o senso de pertencimento e o orgulho em fazer parte da equipe. Mais do que renovar o visual, essa ação reafirma valores que são essenciais a nós: cuidar de pessoas, inovar com consciência e contribuir ativamente para um futuro mais sustentável”, reforça.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Divulgação – Uniformes do Bem
