Um estudo inédito da Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, divulgado pelo jornal O Globo, revela como o aquecimento global está provocando um desequilíbrio relacionado a chuvas: de 1991 a 2023, o Brasil teve mais de 26 mil desastres relacionados a inundações, afetando 91 milhões de pessoas, com mais de 4,2 mil óbitos. Já partir de 2020, o salto foi para 222%: foram 2.335 registros na década de 1990 contra 7.539 entre 2020 e 2023. Uma das soluções para essa demanda é o uso da drenagem urbana, por meio de um sistema chamado swales.
O método, desenvolvido em 1981 pelo professor australiano Bruce Mollison, é mais conhecido promover a prática da permacultura. A técnica de swales consiste na escavação de valas que acompanham o desenho topográfico do terreno, promovendo a drenagem com a retenção e infiltração no solo da água da chuva de maneira mais eficiente, reduzindo significativamente impactos de fortes eventos climáticos.
Drenagem na prática
A cidade de Terezópolis de Goiás está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do João Leite, onde está a maior reserva hídrica da região metropolitana. A técnica vem sendo adotada no projeto do condomínio horizontal Aldeia Santerê Casa e Natureza.
O empreendimento é tocado pela Raiz Urbana, empresa do Grupo Tropical Urbanismo e Incorporação, em área equivalente a 110 mil metros, em que é feita a captação de toda a água da chuva, que infiltra no solo, evitando assim que escorra para a reserva do João Leite e favoreça a drenagem.
“Dependendo da topografia do terreno, as valas podem ser construídas em praças, canteiros centrais de avenidas, às margens de rodovias e até mesmo em espaços pequenos, como nos quintais das casas das pessoas, em condomínios horizontais ou nos loteamentos tradicionais”, comenta a arquiteta e urbanista Luci Costa, do Grupo Tropical.
Agricultura familiar
Outro bom exemplo vem do Governo do Distrito Federal, que por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), estima investir R$ 5,2 milhões para instalar 545 sistemas de tratamento de esgoto doméstico, beneficiando diretamente famílias agrícolas.Cada propriedade recebe um conjunto com caixa de gordura, caixa gradeada, biodigestor e vala de infiltração.
“O sistema recebe todo o esgoto da casa, tanto a água cinza, de pias e chuveiros, quanto a água negra, dos vasos, para o tratamento adequado. Assim, evitamos a contaminação do solo e do lençol freático”, explica Sônia Lemos, extensionista rural da Emater-DF, ao Jornal de Brasília.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Divulgação – Grupo Tropical
