Já falamos aqui no Portal TECNEWS da importância da destinação correta de óleo vegetal, que não deve ser descartado em pias e sanitários, e que tal produto pode ser utilizado após processamento para a produção, por exemplo, de biodiesel.Para se ter uma ideia, segundo levantamento do Grupo Potencial, empresa de Curitiba, PR, especializada nessa produção, mostrou que, nos últimos sete anos, 30 milhões de litros de óleo de cozinha usado tiveram destinação correta, ou seja, 750 bilhões de litros de água deixaram de ser contaminados. Vale lembrar que cada litro de óleo descartado de forma inadequada pode contaminar até 25 mil litros de água.
“Nossa empresa também transforma outros tipos de resíduos em biodiesel, como o processo glicerólise, o qual através de uma reação térmica é possível transformar diversos subprodutos como ácido graxo e oleína em óleo sintético, em uma matéria-prima para produção de biodiesel. Em 2023, foram produzidos 30 milhões de litros desse óleo”, explica Adriana Hammerschmidt, vice-presidente de Governança, ESG e Assuntos Jurídicos do Grupo, ao Transporte Moderno.
Coleta de óleo no setor de saneamento
Um dos grandes erros cometidos é o despejo de óleo usado, por exemplo, nos ralos. Para sanar tal problema, concessionárias de saneamento estão desenvolvendo campanhas de conscientização. Uma delas vem da BRK Ambiental, empresa privada presente em 13 estados. Em 2024, coletou mais de 12,2 mil litros de óleo de cozinha usado, por meio do programa Olho Vivo, evitando o descarte incorreto nas redes de esgoto nos municípios paulistas de Limeira, Porto Ferreira, Rio Claro, Sumaré, no interior do estado, e em Mauá, na Região Metropolitana de São Paulo, atendidos pela concessionária.
“A coleta é feita em parceria com empresas locais especializadas, escolas das redes pública e privada, pontos comerciais, associações de classe e nas próprias lojas de atendimento e estações operacionais da BRK. O resíduo é destinado à reciclagem, promovendo sua utilização como matéria-prima em indústrias regionais, como na produção de tintas, produtos de limpeza e biodiesel”, afirma Carlos Almiro, diretor de sustentabilidade da BRK.
Já em Jundiaí, SP, os postos de atendimento da DAE – Água e Esgoto,empresa de economia mista que tem a prefeitura municipal com principal acionista, recebem óleo usado e cada litro entregue é trocado por uma barra de sabão ecológico produzido a partir da própria reciclagem desse material, por meio da ação Óleo do Bem. Segundo a prefeitura, em 2024 foram registradas, por mês, cerca de 13,9 toneladas de óleo na rede de esgoto. “O óleo forma uma barreira que dificulta a ação biológica durante o processo de tratamento, fazendo com que parte deste resíduo chegue aos corpos d’água sem a remoção adequada. Isso também compromete a qualidade dos recursos hídricos, reforçando a necessidade de práticas corretas de descarte e reciclagem”, frisa Alba Romana,gerente de Tratamento de Esgoto da DAE.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estima queno Brasil são consumidos três bilhões de litros de óleo ao ano e, de cada quatro litros, um é descartado incorretamente, representando 700 milhões de litros ao ano despejados de forma irregular.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: Divulgação BRK
