Os setores de siderurgia e a mineração enfrentam o desafio de equilibrar a demanda crescente por metais e minérios com a necessidade de reduzir sua pegada de carbono, representando entre 7% a 9% das emissões globais de CO₂, e a descarbonização é o foco nesses negócios.
No Brasil, a produção de metais contribui com 2,1% de emissões totais do país, de acordo com a consultoria Accenture. Entre as inovações aplicadas estão a adoção do hidrogênio verde, na substituição do carvão, reduzindo, por exemplo, as emissões da produção de aço em até 95%. No entanto, desafios relacionados à infraestrutura e ao custo ainda precisam ser superados para a viabilização em larga escala.Outros pontos estão a reciclagem e economia circular e tecnologias amplamente em evidencia, como a eficiência energética,digitalização, automação, Inteligência Artificial e sensores avançados para otimizar processos produtivos.
Estima-se que, até 2030, o setor siderúrgico possa reduzir suas emissões em até 30% com a implementação de tecnologias mais limpas e políticas ambientais mais rígidas. Valdomiro Roman, diretor de Operações da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), comenta que a descarbonização é um dos principais focos de discussão na indústria siderúrgica, bem como a adoção de combustíveis sustentáveis. Para o gestor, a combinação de inovação tecnológica, políticas públicas adequadas e investimentos será determinante.
Boas práticas na siderurgia
As indústrias dos setores estão investindo em tecnologia e boas práticas para estar em dia com soluções ambientalmente mais consonantes. A Gerdau utiliza desde 2021 o “biocoque”, a substituição de carvão mineral por biomassa proveniente de eucalipto, para a produção de carvão vegetal, em sua unidade de Ouro Branco, MG.
Em 2023, a unidade alcançou 2% de utilização de biomassa, ou 30 mil toneladas, evitando a emissão de mais de 90 mil toneladas de CO₂ equivalente. “O projeto permitiu a incorporação de biomassa de eucalipto na produção de coque metalúrgico e essa iniciativa foi vencedora do Prêmio Eco 2024, na categoria Produtos e Serviços, promovido pela Amcham (Câmara Americana de Comércio) Brasil e integra as ações para redução da emissão de CO2e na linha de produção”, conta Guilherme Liziero,gerente técnico da área de Redução da companhia.
Já a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, RJ, adotou o sistema UltimateCell® Continuous Combustion (UC3), da empresa portuguesa UTIS, capaz de reduzir o consumo de combustíveis fósseis por meio de hidrogênio renovável, sendo utilizado nos regeneradores do alto-forno 2 da Usina Presidente Vargas (UPV) da CSN. “O sistema é em forma de contêineres, onde se dá o processo de eletrólise da água que resulta no hidrogênio renovável. Foi possível um aumento de temperatura de sopro dos regeneradores de 7%, possibilitando melhorias, como redução de coque por tonelada de ferro gusa produzido, com redução de emissões de CO₂ emitidos pelo alto-forno”, explica Fabiam Franklin, diretor de Metalurgia na CSN.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
Foto: divulgação
