Estar em dia com as práticas ESG não é mais considerado um diferencial, mas fator preponderante às organizações. Porém, quando o assunto é discutido nas pequenas e médias empresas, muitas delas podem se sentir “deslocadas” nesse processo. Um pacote ESG mais simplificado é o caminho para PMEs começar nessa jornada e obter bons resultados.
Contudo, o ensejo em se engajar é evidente: levantamento da Serasa Experian mostra que 89% de micro, pequenas e médias empresas (MPEs) do Brasil já adotam boas práticas ambientais, sociais ou de governança. Já outra pesquisa, do fundo de investimento Estímulo, em parceria com a consultoria Roda Ambiental, revela que 70% de micro e pequenos empreendedores brasileiros estão dispostos a investir em tais conceitos a seus negócios.
Desafios para as PMEs
Na outra ponta, muitos são os desafios para a implementação dessas práticas nas operações. De acordo ainda com o estudo do fundo Estímulo, divulgado pelo Reset, desconhecimento do tema, ausência de linhas de crédito especiais para ESG e dificuldades de encontrar soluções voltadas à realidade do pequeno negócio são algumas das barreiras.
“Enfrentam um cenário muito diferente das grandes corporações e precisam de um pacote simplificado e completo, que traga benefícios financeiros de curto prazo além do impacto positivo para o meio ambiente”, salienta Vinicius Poit, CEO do fundo, que recentemente aportou R$ 232 milhões em apoio financeiro a mais de 3 mil empreendedores, o Estímulo Verde.
Oportunidades
Hugo Bethlem, chairman do Capitalismo Consciente Brasil, entidade dedicada à promoção de conceitos e práticas relacionados ao tema, ressalta que o cenário oferece novas possibilidades para empresas menores. “Enquanto grandes corporações hesitam em manter investimentos nessa agenda, as MPEs têm a chance de assumir um papel de destaque. Com maior flexibilidade para implementar práticas ESG de forma mais ágil e autêntica, podem se tornar referências em sustentabilidade e responsabilidade social”, comenta.
Já na opinião de Daniel Eggers, consultor da VerdeSaber e Master em ESG, o indicador mostra que negócios pequenos já compreendem que sustentabilidade não é só ‘fazer o bem’, mas também se traduz em ganhos concretos, seja na redução de custos ou na melhor imagem entre investidores e clientes. “A chave é começar com ações simples e de alto impacto, como diminuir desperdícios de energia e água, coleta seletiva, repensar embalagens ou priorizar fornecedores locais”, endossa.
“Essas medidas não exigem investimentos elevados e, ao contrário, podem até gerar economia rapidamente. O segredo é adequar a prática à realidade de cada empresa”, finaliza, ao Valor.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
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