Períodos como a Páscoa e a chegada do inverno nos remontam a muitos preparos com chocolate. Porém, ao olhar nas gôndolas, prateleiras de supermercados e lojas do setor, o preço assusta: segundo dados divulgados pelo g1, a tonelada de cacau chegou a ser comercializada por US$ 11.040 na cotação da bolsa de valores de Nova York em dezembro de 2024, alta de 163% na comparação com o mesmo mês em 2023.
E a emergência climática é um dos fatores para tal índice, haja vista que as lavouras dos maiores produtores do fruto do mundo estão localizadas na África, que sofre com esse problema. Ainda segundo o g1, o continente representa 70% do fornecimento mundial da amêndoa;somente a Costa do Marfim, maior produtora, sozinha gera 45% do cacau do planeta.
O clima também impacta as lavouras brasileiras: para Adriano Santos, coordenador de assessoria a negócios comunitários da Conexsus (Instituto Conexões Sustentáveis), ao Planeta Campo, a produção foi impactada principalmente pelo regime de chuvas, especialmente na região amazônica e no sul da Bahia, com secas severas.
O especialista endossa ainda que o acesso ao crédito pode ser um impulsionador aos produtores, com o destrave a políticas públicas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), e modelos adaptados à realidade de cooperativas e associações da sociobiodiversidade, em estados como Pará e Bahia.
Valor agregado ao cacau
As parcerias também são a chave para a valorização do cacau no país. Uma delas é a produtora de celulose Suzano, que se uniu ao Instituto Arapyaú, instituição filantrópica brasileira que promove e desenvolve redes e iniciativas estruturantes para fomentar o desenvolvimento justo, inclusivo e de baixo carbono do país, para expansão do “Projeto Cacau+ Sustentável” no extremo sul da Bahia.
O projeto tem como propósito possibilitar o incremento na renda de mais de 1,100 mil pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade social na região, a partir do fortalecimento da cadeia de cacau, em forma de microcrédito. Também propõe a consolidar sistemas agroflorestais (SAFs), nos quais o cacau é combinado a outras culturas permanentes, promovendo a recuperação de áreas degradadas e aumentando a segurança econômica dos agricultores.
Os produtores são incentivados a beneficiar a amêndoa na produção de produto de maior valor agregado.“A iniciativa é uma das ações apoiadas pela Suzano em parceria com outros atores relevantes e estratégicos para impulsionar o desenvolvimento sustentável nas regiões onde está presente, como o extremo sul da Bahia. E está diretamente alinhada ao nosso compromisso de contribuir para retirar 200 mil pessoas da linha da pobreza em nossas áreas de atuação até 2030”, destaca Fabian Fernandes Bruzon, diretor de operações florestais da Suzano.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
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