Um levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra a relevância dos investimentos em inovações no quesito sustentabilidade no setor. Segundo o estudo, 2024 foi o ano de maior volume de recursos disponíveis para o setor industrial inovar, graças ao fortalecimento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e o lançamento da Nova Indústria Brasil (NIB), com linhas especificas para inovação.
O FNDCT alcançou R$ 12,7 bilhões de orçamento, cujos recursos são usados para apoiar atividades de inovação e pesquisa em empresas e em instituições científicas e tecnológicas (ICTs), nas modalidades de financiamento reembolsável e não-reembolsável. Já na NIB, foram investidos via Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) R$ 21,2 bilhões em 1.416 projetos, sendo R$ 17,832 bilhões da Finep e R$ 3,375 bilhões das empresas em contrapartida. Os valores do ano passado, após o lançamento da política industrial do governo, são quase três vezes maiores que os de 2023 – aumento de 171% nos recursos para inovação (mais informações abaixo).
Mais investimentos
“Com mais recursos, o FNDCT demonstrou ser capaz de acelerar o desenvolvimento científico brasileiro em questões prioritárias definidas pela atual política industrial, como descarbonização, transformação digital, defesa, saúde, infraestrutura e mobilidade”, exemplifica André Clark, coordenador da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), criada pela CNI em 2008, e vice-presidente sênior da Siemens Energy para América Latina.
Com o Brasil sediando a COP30, a ocorrer em novembro no Pará, os olhos do mundo estarão voltados a ações como a bioeconomia e transição energética. Para Jefferson Gomes, diretor de Tecnologia e Inovação da CNI, o país tem a chance de assumir esse papel de destaque mundial. “Para que soluções de combate às mudanças climáticas possam surgir, startups, centros de pesquisa, grandes empresas e investidores precisam de apoio para acharem o equilíbrio na equação entre risco e retorno ao investir em inovação. Aí que entram instrumentos de financiamento, como o FNDCT. Com a COP, temos a oportunidade de mostrar o que temos feito com os incentivos”, diz.
A íntegra do levantamento da CNI pode ser acessada neste link.
Potência
O Brasil está entre os quatro países com maior capacidade para liderar a transição energética em âmbito global, aponta relatório recente da universidade americana John Hopkins.
Ao site Valor, Tim Sahay, especialista em políticas climáticas e diretor do Net Zero Industrial PolicyLab e que encabeçou a pesquisa, destaca que uma integração de setores estratégicos é crucial para projetar o Brasil ao posto de liderança em economia verde nos próximos 20 anos. Para o especialista, a fatia investida pelo governo não deve ser apenas em capital, mas também em criar condições com foco na transformação, com investimentos e promoção de infraestrutura, capital humano e energia barata.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
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