Sustentabilidade

69% dos consumidores se preocupam com sustentabilidade, mas apenas 7% priorizam produtos ecológicos em compras 

69% dos consumidores se preocupam com sustentabilidade, mas apenas 7% priorizam produtos ecológicos em compras - Fitec Tec News

O Boston Consulting Group (BCG), por meio do estudo “Customers Say They Want Green Products. Can Deep Tech Innovation Close the Deal?”, identificou quatro princípios-chave para eliminar o dilema de unir o desejo do consumidor por produtos mais sustentáveis com a necessidade das empresas de manter a lucratividade.

A pesquisa revela que a preocupação com o meio ambiente ainda não se tornou um fator essencial na escolha do consumidor. Na categoria de varejo alimentar, por exemplo, 69% dos entrevistados expressaram preocupação com a sustentabilidade. Porém, apenas 23% dos consumidores estão levando este quesito em consideração durantes as aquisições e somente 7% relataram ter adquirido produtos sustentáveis em sua última compra.

Mas as empresas já estão cientes disso e se esforçando para atingir objetivos ambiciosos de desempenho empresarial ao mesmo tempo em que atendem às ousadas metas de sustentabilidade para 2030, levando em consideração que muitos produtos sustentáveis têm desempenho inferior em áreas como custo e qualidade.

“A inovação verde não é uma iniciativa de curto prazo destinada a atender a um segmento especializado em sustentabilidade. É uma estratégia de longo prazo que pode ser aplicada a todo o portfólio de produtos de uma empresa, impulsionando o crescimento e o valor comercial e aumentando a participação destas em mercados que vão muito além do nicho de sustentabilidade”, explica Cecilia Aureliano, diretora executiva e sócia do BCG.

 

Produtos mais ecológicos

 

De acordo com o BCG, as organizações precisam definir uma nova abordagem que reúne marketing e inteligência do cliente para obter uma compreensão completa do que seus consumidores desejam e o que é necessário para a companhia. Esta conduta deve estar baseada em quatro fatores:

Entendimento do cliente. As empresas devem adotar uma abordagem de 360 graus para entender o que constitui valor para os clientes. Isso determinará quais propriedades do produto ou atributos de desempenho devem impulsionar os designs, insumos e compensações de desempenho de soluções que podem impulsionar o crescimento e o valor comercial da companhia.

Reinvenção dos processos. A pesquisa aponta que, para impulsionar a demanda verde, é preciso de movimentos ousados e novas formas de trabalhar usando análises de “e se” e perguntas de design para passar de mudanças incrementais para um novo modelo de negócios de ponta a ponta, como:

A empresa pode usar menos materiais em produtos ou embalagens e, ao mesmo tempo, fornecer a funcionalidade necessária?

Novos materiais podem ser usados para minimizar o impacto ambiental de um produto sem diminuir sua funcionalidade?

É possível incorporar novos recursos ecológicos — materiais, peças e componentes que reduzem o impacto ambiental da logística e da produção — ao design?

O uso dos materiais do produto pode ser estendido ao projetá-lo para facilitar reparos, atualizações, adaptações, usos múltiplos ou remanufatura?

A eficiência do produto pode ser aumentada, reduzindo sua pegada de carbono durante o uso?

Aproveitamento do poder da “deep tech”. Combinando química, bioengenharia e novas tecnologias digitais, como inteligência artificial (IA), robótica e automação – conhecida como deep tech –, é possível desenvolver produtos verdes convencionais que atendem às necessidades do cliente e aos critérios de sustentabilidade. A deep tech permite que as empresas transformem insights do cliente e avaliem suas fórmulas para criar um produto sustentável de alto desempenho.

Implementação de uma abordagem integrada. Segundo o BCG, seja com foco no desenvolvimento de produtos, estratégia de marketing ou na missão de uma empresa, a reestruturação é um processo transformador que pode gerar benefícios tangíveis em velocidade, custo, eficiência, eficácia, sustentabilidade e valor comercial. Ela requer pensamento ambicioso e uma abordagem integrada, aproveitando as capacidades de diferentes funções comerciais e trabalhando sistematicamente para unir centralidade no cliente e deep tech.

“Quando esses princípios são ativados, os ganhos resultantes em desempenho e sustentabilidade são significativos. Aumentos em eficácia e eficiência podem se traduzir em aceleração de duas a três vezes no tempo de lançamento no mercado. Além disso, a inovação baseada na centralidade do cliente e na deep tech pode reduzir as emissões de 70% a 80% versus 20% a 40% por meio da inovação tradicional”, pondera Cecilia.

Como conclui o levantamento, alinhar o valor do cliente, corporativo e ambiental nem sempre é fácil. Mas, à medida que novas tecnologias se expandem, abrindo oportunidades para o redesenho de produtos e à medida que os clientes exigem alternativas sustentáveis que tenham bom desempenho e atendam às suas principais necessidades, essa tarefa se torna mais viável.

“As empresas devem aproveitar o potencial das energias renováveis, biologia sintética, materiais e manufatura avançados, e IA. Aquelas que tiverem sucesso nessa empreitada aumentarão seus lucros e aprimorarão sua capacidade de competir em um mercado difícil. A inovação sustentável pode ser uma maneira de reforçar as principais necessidades dos clientes e os motivadores de escolha, ao mesmo tempo em que cria marcas e experiências icônicas que gerarão retornos extraordinários nas próximas décadas”, finaliza Cecilia.

O estudo completo está disponível, em inglês, no site do BCG.

Foto: Reprodução

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