Seja uma casa simples, seja um grande empreendimento corporativo, a construção civil tem os seus impactos quando o assunto é meio ambiente. De acordo com um relatório publicado pelo Programa para o Meio Ambiente da ONU (PNUMA), o setor é responsável por cerca de 21% das emissões globais de gases de efeito estufa.
Muito embora o cenário não seja o dos melhores, muitos atores veem que é possível construir sem agredir o planeta. “Temos observado muitos representantes do segmento se engajando para garantir que suas atividades promovam impactos positivos, o que inclui desde questões operacionais até o lançamento de novos produtos”, comenta Marcia Menezes, diretora de Inovação & Tecnologia do CTE, companhia de consultoria e gerenciamento de soluções sustentáveis no setor.
Meio ambiente em destaque
Uma boa prática em prol do meio ambiente vem da construtora Gafisa, que implementou uma operação para cuidar dessa área com o auxílio de uma plataforma criada pela startup Gedanken, a GCertifica. Ela automatiza a homologação e o monitoramento da cadeia de suprimentos.“Com essa tecnologia, observamos melhorias significativas na coleta de documentações e detectamos eventuais dificuldades que poderíamos ter junto aos fornecedores. Estamos em uma jornada de aprimoramento contínuo, especialmente no que diz respeito à governança e ao cumprimento de normas ambientais”, reforça Ivo Noronha, diretor de Gestão & Suprimentos da Gafisa.
“As empresas estão colaborando entre si e tomando as rédeas do mercado, porque entenderam que precisam construir com urgência um futuro mais responsável e ambientalmente consciente para crescer”, detalha Lucas Madureira, co-CEO da Gedanken.
Ondas de calor
Um levantamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade de Lisboa revelou que as ondas de calor já levaram a óbito 48 mil pessoas no Brasil entre 2000 e 2018. Com a urgência de ações sustentáveis, a construção civil pode desenvolver soluções que tornem os empreendimentos termicamente mais confortáveis, incorporando tecnologias para otimizar eficiência energética e reduzir impactos.
“Os telhados verdes são uma dessas estruturas, já que as coberturas com vegetação ajudam a reduzir a temperatura do edifício, além de melhorar a qualidade do ar. Janelas de vidro de baixa emissividade também são uma ótima opção, pois refletem a radiação solar e reduzem a necessidade de ar-condicionado. Por fim, os pavimentos reflexivos nos projetos contam com superfícies que refletem a luz solar, diminuindo a temperatura”, explica Tatiana Fasolari, CEO do Grupo Fast, fabricante de estruturas provisórias.
A especialista alerta que é preciso também equilibrar os ambientes urbanos com as necessidades da população. “Não adianta realizar um projeto excepcional se não terá utilidade a longo prazo. Dessa forma, à medida que enfrentamos um mundo cada vez mais suscetível a temperaturas extremas, a valorização e o investimento nessas estruturas devem ser prioridades, fortalecendo nossa capacidade de lidar com esses desafios”, conclui Fasolari.
Por Keli Vasconcelos – Jornalista
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